22.07.20
Tenho os olhos carregados de tristeza;
Da mesma tristeza que nos construiu,
Que se tornou fortaleza,
E nesse forte nos uniu...
Tenho a alma arrepiada;
De dor e amargura,
Dessa parte desamparada,
De uma carregada desventura...
Pedaços de ardor e prazer;
Que outrora ousámos acreditar,
Num suspirar ao entardecer,
Tardiamente a despertar...
Mas do outro lado da estrada;
Permanecem os mesmos censores,
A mesma enseada,
Os mesmos temores...
E o que restará de nós;
Serão pequenas partes de um solitário vazio,
Num castelo sem voz,
À beira de um desabitado rio...
Porque nada é maior do que esse "menor" sentir;
Tão imenso como discreto,
Esse arrebanhado "escapulir",
Que permanecerá secreto...
Tão secreto nas entranhas da nossa alma.