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Caneca de Letras

Caneca de Letras

No Caneca Com... Jaime Bessa!

Filipe Vaz Correia, 17.01.19

 

Antes de mais, um sucinto preâmbulo:

Começo por cumprimentar o já vasto auditório da Caneca de Letras, devo dizer que o autor deste Blog, é mais do que um irmão para mim e todo o sucesso e adesão que a sua escrita tem suscitado são motivo de grande orgulho e zero surpresa.

Admiro-me que corra o risco de colocar todo esse trajecto de sucesso em causa, ao convidar-me para escrever, vou dar o meu melhor, aqui vai.

Decidi escrever sobre o Fortnite, um vídeo-jogo que está a tomar o mundo de assalto; que todas as crianças conhecem ou ouviram falar e para a maioria das que jogam (pelo menos até atingirem a puberdade) é certamente o tema mais importante e interessante das suas vidas. Por isso, e por ser um tema que certamente a maioria já ouviu falar mas que nem sabe bem do que se trata, resolvi escrever sobre isso.

O Fortnite battle royale foi lançado a 26 de Setembro de 2017, em Dezembro desse mesmo ano já tinha 30 Milhões de jogadores registados, acabou o mês de Janeiro de 2018 com 45M, em Junho 125M e em Novembro de 2018 já ultrapassavam os 200 Milhões de jogadores e este número continua a aumentar. ( cit. in. https://www.statista.com/statistics/746230/fortnite-players/).

O jogo por si só, apesar de ser grátis já facturou 2 Mil Milhões de dólares para a Epic Games, a empresa que o criou, já gerou celebridades, notícias, torneios de milhões de dólares, convidados de talk shows... Enfim um sucesso esmagador a todos os níveis.

Porque é que o jogo tem tanto sucesso?

1. Acessibilidade. É um jogo que pode ser jogado, num computador, num telemóvel, tablet, playstation, nintendo, xbox, switch, etc... Enfim qualquer dispositivo com um monitor e ligação à internet pode correr este jogo.

2. O preço; custa zero. O jogo é absolutamente grátis, sem truques nem ofertas de 30 dias que depois começam a ser cobradas sem o utilizador se dar conta. Pode de facto gastar-se dinheiro no jogo mas é completamente opcional e não é condição para jogar.

3. O conceito, 100 jogadores num autocarro que sobrevoa uma ilha gigantesca, cada jogador decide quando quer saltar do autocarro e iniciar a sua longa queda livre até ao solo firme da ilha. Cá em baixo, no terreno de guerra, começa uma busca frenética por armas e recursos, tudo o que possa dar uma vantagem em relação aos outros jogadores. A ilha está cercada por uma mortífera tempestade que lentamente drena o hp ( hit points, vulgo tira a vida ) aos jogadores que são apanhados nela, a tempestade vai aumentando e à medida que o tempo vai passando e como tal a área útil de jogo diminui, por isso os confrontos serão inevitáveis. Isto é o Battle Royalle.

Battle Royale é um conceito popularizado em 2000 por um filme homónimo Japonês. Basicamente significa uma luta até à morte onde só um sobrevive.

Não parece emocionante?

4. A jogabilidade. Depois de carregar no botão para iniciar o jogo, somos levados para um lobby, um sítio onde os jogadores se encontram e aguardam até estarem 100 elementos. Depois temos um breve ecrã de "loading" et voilá, começa a aventura. Os comandos são simples e intuitivos. Os gráficos coloridos e até infantis. A grande novidade do Fortnite é que os jogadores conseguem construir estruturas em tempo real, o que lhes dá uma liberdade muito grande e quanto a mim este é o segredo que seduz a nova geração. A liberdade que a construção de estruturas dá aos jogadores, em que parece que o único limite é a imaginação, por isto todos os dias alguém faz algo que nunca foi feito antes e 200 Milhões de jogadores querem saber o que é. Por isso existem tantos vídeos no Youtube e semelhantes.

5. A vida. O Fortnite BR é um jogo cheio de vida, tem luzes, cores e danças já famosas que são reproduzidas já em todos os casamentos, (se foi a algum casamento em 2018 já viu ou até dançou esta música). Os criadores do jogo estão sempre a lançar actualizações (média de duas por semana) em que mudam aspectos secundários do jogo (acrescentam veículos como carros, motas e aviões, mudam armas, alteram localizações, etc...) o jogo está sempre de cara nova, e tem sempre qualquer coisa nova. Os youtubers e streamers estão constantemente a fazer vídeos deste jogo, t-shirts e todo o tipo de merchandising, o Fortnite é mais do que um jogo é pop culture.

Devo deixar os meus filhos jogar Fortnite?

Claro que sim! Mas se está a aprender como educar os seus filhos em Blogs (por muito bons que sejam) deve entregá-los para adopção.

O jogo é violento demais para crianças pequenas?

Não de maneira nenhuma. Parecem desenhos animados infantis. Argumento até que são muito estimulantes e se a criança estiver acompanhada e o tempo de jogo for moderado, o Fortnite é um excelente fornecedor de estímulos e competências sociais pois também pode ser jogado em equipas de 2 e 4 pessoas.

Vou parecer mais "fixe" aos olhos dos mais pequenos se souber coisas deste jogo?

Sem dúvida nenhuma.

Experimente dizer ao seu filho/sobrinho/etc.:

 

"Gostas mais de cair em tilted towers ou lonely lodge? "

( Se ele responder a primeira é um jogador agressivo e confiante se responder a segunda é mais cauteloso e prudente.)

O que é que preferes, 3 minis ou um gordo?

(tipo de shields no jogo, os pro players preferem 3 minis)

Já fizeste algum no scope?

(matar de sniper sem mira, só para os melhores)

O Ninja não é tão bom como o Tfue.

(dois dos streamers/youtube mais famosos do momento)

 

Há muito mais a dizer, mas ficarei por aqui. Quaisquer dúvidas que surjam, comentem à vontade, sou frequentador assíduo deste espaço e responderei a todos o melhor que puder.

Termino com um agradecimento muito grande, ao meu grande amigo pelo convite e com uma pequena curiosidade que sei que vai ser muito apreciada. Tim Sweeney, CEO da EPIC games, criadora do jogo, já comprou milhares de hectares na Floresta Amazónia com o único objectivo de a preservar e manter intacta.

Respect.

 

Jaime Bessa

Cinéfilo, Cambista, Psicólogo e Jogador de Fortnite.

 

 

 

Crianças, Avós E A Singela Imbecilidade...

Filipe Vaz Correia, 18.10.18

 

A que ponto chegámos enquanto Sociedade?

No programa Prós e Contras da RTP, por entre, a discussão do movimento MeToo e das consequências do assédio sexual nos dias que correm, assistimos a uma afirmação de um Professor Universitário...

" Obrigar uma criança a dar beijinhos aos Avós é uma forma de educar para a violência."

Desculpe?

Pensei estupidamente.

Será possível?

O dito Professor, Daniel Cardoso, conhecido por defender o poliamor, uma forma tão nobre de amar como outra qualquer, defende ainda que usar o poder dos Pais para obrigar uma criança a dar um beijinho aos seus Avós, serve para incentivar uma falta de controlo do seu corpo perante o poder de alguém que lhe é superior.

Ou seja, fomenta a repressão do direito de dizer não.

Não podia discordar mais...

Obrigar as "criancinhas" a dar um beijinho aos seus Avós, queiram ou não, é um gesto de educação básica, uma elementar forma de educar e bem.

Respeitando ou não a sua vontade mas essencialmente impondo regras e princípios que os nortearão para o resto das suas vidas.

Este tipo de ideólogos e valores têm criado uma mistura explosiva que poderá contribuir, na minha opinião, para a criação de uma Sociedade mais individualista, selvagem e egoísta.

Uma forma desresponsabilizada de educar.

Qualquer dia, um Pai ou uma Mãe, terá de pedir permissão ao seu filho, para corrigir alguma das suas vontades, transformando as criancinhas em tutores do seu destino, desde o dia em que nascem.

É uma roda livre no pensamento educativo, diluindo-se o poder "Paternal"  versus a vontade da criança.

Imagino, somente por um momento, dizer ao meu Pai que não queria dar um beijinho à minha "querida" Avó, imaginando, arrepiado, a forma educativa como demonstraria onde iria encaixar a minha mal-criada atitude.

Lá está...

Isso nunca me passaria pela cabeça.

No entanto, na opinião deste "professor", devo ter sido educado para a violência...

A boçal violência de ter que ouvir tamanha barbaridade.

Haja paciência.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

Já Não Posso Ouvir Falar Da Supernanny...

Filipe Vaz Correia, 30.01.18

 

Já não posso ouvir falar da Supernanny e das criancinhas inocentes que estão expostas em tal programa...

Querem acabar com o programa?

Acabem de uma vez...

Querem exterminar a SIC e a sua direcção de conteúdos?

Façam...

Mas calem-se.

Duas ou três leves observações:

Muitas destas pessoas que rasgam as vestes na opinião pública, sobre tal programa, devem sofrer de um reflexo, profundamente incomodativo, de se reverem naqueles Pais sofredores de bulling, das criaturas por eles criados...

Se assim for, infelizmente, até consigo compreender.

Muitos dos que gritam ensurdecedoramente, não perderam um segundo para pensar, que tipo de Homens e Mulheres iremos ter daqui a umas décadas...

Crianças que supostamente batem nos Pais, lhes chamam os maiores impropérios, sem que isso possa causar na maior parte dos indignados, um medo imenso desse futuro que se aproxima.

Claro que me deixa estupefacto a invasão de privacidade e de reserva que um programa deste género causa a uma família, mas nem tanto pelo lado das crianças, mas sim dos seus Pais...

Como pode um Pai, que sabe ter um filho com este tipo de comportamento, expôr-se assim publicamente?

O lado dos Pais, é sem dúvida, o que mais me impressiona.

Posto isto, talvez seja chegada a hora, de enquanto sociedade, nos sentarmos e reflectirmos sobre que pessoas estaremos nós a formar e a educar...

É que as criancinhas são fruto da educação recebida e essa só funciona com regras.

Com muito amor, mas sempre com regras.

Pois sem regras, mais cedo ou mais tarde, lidaremos simplesmente com boçais.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

As Ruínas Do Rainha Dona Amélia...

Filipe Vaz Correia, 16.11.17

 

Sempre que passo na Junqueira, sempre que ando por ali, deparo-me com uma parte desta tristeza, que intensamente me invade...

Andei no Rainha D. Amélia, em tempos distantes, longínquos e frenéticos, onde a porta daquele liceu parecia a entrada para um mundo sedutor que nos preenchia, fazia parte do nosso imaginário juvenil.

O Sr. Eusébio, sempre à porta, no meio de um rebuliço constante, por entre adolescentes sentados nos gradeamentos que ali se dispunham, por entre cigarros, namoros, conversas.

Admito que passei mais tempo no café Matinal, do que nas aulas com a Professora Lina da Paz ou o Professor Fiães...

Não me orgulho, mas não me arrependo.

O Rainha D. Amélia teve uma imensa importância em mim, na minha formação como pessoa, na maneira como vejo o mundo e como esse mundo que desconhecia, me tornou parte de si.

Nunca pensei que ao entrar para o Rainha, isso pudesse ser tão relevante no meu futuro, pois algumas das pessoas mais importantes que conheci na minha vida, devo-as ao facto de por ali ter passado, directa ou indirectamente, marcando assim, de maneira indiscutível, o meu percurso, o meu desencontrado destino.

Ao passar por aquelas portas, olhando para o ar abandonado com que actualmente se encontra, reencontro naquelas ruínas parte daqueles com quem privei, pequenas partes de mim.

Naquelas janelas fechadas, naquelas paredes a cair, vejo tristezas e sorrisos, memórias e histórias, conversas que ficaram perdidas num tempo, que já não volta...

Não se recupera.

O meu Rainha morreu, por entre a burocracia de um Estado negligente, sobrando a tristeza que insiste em me amarrar, sempre que pelas ruínas do Liceu passo, temendo também o dia em por lá veja, mais um qualquer Hotel...

Um outro espaço.

Um novo lugar, que esventre a memória, se imponha ao passado de milhares de almas, que durante décadas ali cresceram, sonharam, tentaram acreditar que era possível voar.

No meio dessas ruínas, encontra-se o meu obrigado, a todos aqueles que ajudaram a moldar o homem que hoje sou...

Professores, Continuas, Porteiros, Colegas, Amigos.

Tantas e tantas pessoas, que fizeram parte daquele mundo...

Um mundo em ruínas, mas que para sempre me pertencerá.

 

 

Filipe Vaz Correia