20.12.18
Poderia gritar intensamente, intensamente vociferar, vociferando tão longe, como tão longe pudesse a minha voz alcançar, alcançando desmedidamente, o que desmedidamente se esconde, por entre os esconderijos da querença, a mesma querença que soluça, soluçando intermitentemente, a singela intermitência do Ser, sendo capaz de esquecer, o que esquecido desejo recordar, para que as tamanhas recordações despertem, a despertada sonolência de um amor antigo. Tão antigo esse amar, que se confunde com o azul do mar, entrelaçando silenciosamente os ruídos que insistem em chegar, sem partir ou voltar, simplesmente permanecendo sem calar... Mas baixinho, devagarinho, numa quebrada emoção da alma, a mesma que outrora voava e agora apenas se deixa caída, esperando abandonada por uma nova vida, recuperada ferida que ainda arde, ardendo intensamente, desanimando o que soletrado ficará eternamente escondido nas nuvens, no vento, em cada momento de todas as linhas, de um texto.
No meio de tão complexa divagação, apenas uma singela indagação...
Quem nunca morreu de amor?
Só quem nunca, verdadeiramente, viveu.
Filipe Vaz Correia