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Caneca de Letras

24.02.20

 

Palavras para quê?

Silêncios e comentários...

Vozes e nada...

Quebras quebradas de uma asa tornada expressão maior de tamanhos anseios.

Um trautear do vento, uma inquieta brisa desfeita, um abrasador tornear dessa corrente de ar que se impõe.

Tão vazio como a ventania solar, tão intenso como as palavras no mar, tão repleto como a maresia ao longe, despida de tudo, carregada de tanto, desnudada de si.

A longínqua esperança que aquece e avança, que esmaga e seduz, num momento reluz e noutro se cala desesperançadamente.

Silêncios e comentários...

Palavras para quê?

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

12.01.18

 

Corre o tempo sem parar, sem deixar sons e silêncios suspensos através dos dias e noites amontoados em cada rosto, por cada alma, em cada pedaço de gente.

Nessa mistura de histórias, de contos, amarrados às linhas de um destino, encontram-se mágoas e risos soletrados pacientemente, impacientemente  desencontrados com tantos outros momentos segredados apenas ao coração...

Vejo gentes nas esquinas, atravessando ruas, saltitando por entre as poças de chuva que teimam  em se esconder nas pedras da calçada, almas apressadas em viver, esta vida, sem freio.

Uma agitação constante, corrupio desalmado que absorve a parte de nós que se esquece que um dia, o pôr do sol se extinguirá, a noite chegará eternamente...

Num sombrio amanhã, que se repetirá silencioso.

E o amor?

Onde se esconderá esse desbravado sentimento, explanado em tantas linhas de Shakespeare, em tantos poemas de Vinicius, em tantas canções de Caetano, na voz de Nat...

Onde se esconde esse sentimento, intenso, maior, sufocantemente abrasador?

Nos rostos dessas gentes, apressadamente correndo para mais um dia, para mais uma obrigação, se dilui no olhar o bater do coração...

Essa pressa de viver tudo intensamente, em cada beijo, em cada abraço, a cada cheiro, por inteiro, sem arrependimento.

Só existe tempo para num piscar de olhos, deixar a vida passar, passando com ela, um imenso mar de sentimentos, perdidos por entre o frenesim sem fim...

De tantos destinos.

Poetizando em prosa, sobre os rostos que passam por mim na rua, pergunto-me, se ao receber de volta aqueles olhares que insistentemente questiono, não serei eu também alvo, das mesmas questões que me assolam.

Neste cruzamento de vidas, destinadamente desencontradas, vidas passadas e presentes, misturadas em nós, busco reencontrar, aquele desencontro que há muito desencontrei...

Ou perder-me eternamente por entre estas linhas.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

21.04.17

 

A vida é feita de pequenos nadas;

De reencontros e despedidas,

É feita de estradas desencontradas,

De chegadas e partidas...

 

A vida é feita de cor;

Esventrada fantasia,

Disfarçada de dor,

Que por vezes irradia,

Na esperança de um amor,

Eterna melancolia...

 

A vida  é como um beijo, a recordar;

É como um poema por escrever,

É um desejado teorema,

Um indecifrável saber...

 

A vida é uma inexplicável;

Diabrura de Deus.

 

 

 

 

 

 

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