Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Caneca de Letras

18.08.17

 

 

 

Pedaços de gente;

Espalhados pela rua,

Vidas inocentes,

Tristeza crua,

Olhar descrente,

Da alma nua,

Ali esventrada...

 

Choro e lágrimas;

Desespero e sofrimento,

Gritos repletos de dor,

Vozes de tormento,

Num interminável ardor,

Sem fim...

 

Nas calles de Barcelona;

Por entre as pinturas de Miró,

Silencia-se por um instante,

O rebuliço constante,

De todos nós...

 

E em cada pintura;

Pincelada no coração,

Vai ficando a amargura,

Desse horror Catalão,

Que nos pertencerá,

Eternamente.

 

 

 

 

 

 

 

 

02.08.17

 

Os desaparecidos da Síria é mais uma reportagem impressionante da BBC, sobre o conflito naquela região e a forma como a oposição foi esmagada à mercê do regime de Bashar Al-Assad.

Na história ali contada, sobram os relatos de brutalidade, de uma viagem desesperada pelo caminho penumbroso, de morte e assassinatos, de raptos e tortura, de impunidade e sofrimento.

A trágica vida daqueles que um dia se opuseram a um regime de Algozes, corrupto, sanguinário, num dilema absolutamente insolúvel...

A história de homens e mulheres, velhos e crianças que se encontram encurralados entre o poder dos Alaúitas, representado por Assad e os desmandos fanáticos do Daesh.

É aqui que se entende o fim de uma Nação, o labirinto sem escapatória de gente comum, devastada pelo simples facto, de ousar sonhar com esse direito inalienável de ser livre...

Liberto enfim, nesse desejo de escrever sem grilhões, falar sem amarras, pensar sem receios, expressar a sua vontade sem medo de ser cerceado.

Neste horror, espelhado é mais uma fantástica reportagem, fica a sensação que será impossível resolver este conflito, que serão irrecuperáveis as vidas, ali perdidas em vão...

As vidas que se perderam, apenas porque ousaram dizer não.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

19.07.17

 

O documentário transmitido ontem, pela SIC, levado a cabo por Henrique Cymerman é um exemplo do ponto de vista jornalístico, uma peça de excelência num tempo onde o verdadeiro jornalismo de investigação parece em vias de extinção no nosso País...

Crianças no Daesh, revela o outro lado das vitimas deste regime de um Califa, Califado do mal, que vitima muito mais do que aqueles que perecem ao som das bombas suicidas que aterrorizam o nosso mundo ocidental.

Esta visão, dá uma dimensão intrínseca daquelas crianças preparadas para morrer, em nome de um ideal que não desejam, de meninas transformadas em objeto, ao serviço dos desejos daqueles soldados de Alá.

Ao ver aquela reportagem, recordei uma das primeiras vezes que me apercebi da credibilidade deste jornalista, um Português Judeu ou um Judeu Lusitano...

Numa casa clandestina, no auge de mais uma Intifada, ali estava Henrique Cymerman, algures na faixa de Gaza, entrevistando o Xeique Yassin, fundador e líder espiritual do Hammas, figura intrigantemente maquiavélica e que ali se dispunha a receber, a conversar com ele, apesar de Cymerman ser Judeu.

Cymerman consegue mover-se nestes territórios com a segurança que lhe advém da gigantesca qualidade do seu profissionalismo, da maneira séria com que aborda e respeita, entrevistados, assuntos, os vários lados de um mesmo problema...

Foi assim, quando o Papa o recebeu no Vaticano e acabou por o convidar para almoçar consigo, quando entrevista o Primeiro Ministro Israelita ou o Presidente Iraniano, quando se move em Telavive ou é recebido em Ramallah.

Crianças no Daesh é na verdade um relato impressionante, esclarecedor, sobre como o sofrimento Humano reaparece sempre, quando o fanatismo impera, sendo quase sempre as crianças os alvos mais fáceis para tais algozes.

Pelo meio ficam vidas roubadas, famílias destroçadas, sonhos perdidos, laços esquecidos, obrigados a obedecer às divagações de uns quantos que se sentem legitimados para falar em nome de um Deus, sem piedade.

Que venha a segunda parte...

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

05.06.17

 

O mundo Árabe despertou para uma crise na península Arábica de proporções inimagináveis há algum tempo atrás...

O corte de relações diplomáticas e comerciais de vários Países com o Qatar, potência maior da região, diplomática e economicamente, revela por uma vez, uma nova atitude da parte destes Estados diante das suspeitas que recaem sobre aquele potentado.

As acusações que impendem sobre o Qatar, lançadas pela Arábia Saudita, Egipto, um dos Governos Líbios, Iemen, Bahrein, Maldivas e Emirados Árabes Unidos, são a de ingerência em assuntos internos com vista a desestabilizar a paz naqueles locais...

E ainda o acolhimento e apoio logistico a organizações, como a Irmandade Muçulmana, Daesh ou Al Qaeda, suportando-os financeiramente, assim como, a propagação da sua ideologia através dos mais variados canais espalhados pelas redes sociais.

Esta atitude inédita de uma parte do mundo Árabe, poderá ser o inicio de um longo caminho, na tentativa de isolar estes grupos organizados e também aqueles que os apoiam, sendo que no interior destes mesmos Países que agora ostracizam o Qatar, se encontram muitos daqueles que apoiam de forma discreta, as mesmas organizações que estão na base desta atitude anti-Qatari...

No entanto, é necessário começar por algum lugar e parece-me que para primeiro passo, não estará mal.

Resta-nos saber o que dirá diante destes factos a FIFA que entregou o Mundial de 2022 ao Qatar, envolvido em polémicas e suspeitas de corrupção mas que agora certamente terá de se pronunciar, em face destes novos desenvolvimentos.

Assim esperemos para observar, se na verdade, teremos um novo caminho nesta luta contra o terrorismo Islâmico...

Um caminho que inevitavelmente terá de partir do Interior do Islão, para que verdadeiramente, se possa mais facilmente isolar e erradicar este tipo de terror.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

23.05.17

 

O pesadelo tornou-se realidade ontem à noite, num concerto de Ariana Grande, em Manchester...

Como é possível?

Pergunta que atormenta todos os que assistiram incrédulos, às noticias que passavam de televisão em televisão pela madrugada a dentro.

Crianças, adolescentes na sua maioria, em pânico, desesperados saboreando pela primeira vez aquilo que nenhum Ser Humano deveria experimentar:

O desesperante horror de um atentado terrorista.

Ao ver aquelas imagens a sensação com que ficamos, é de uma insegurança constante, existente em qualquer ponto do mundo, à mercê de um qualquer alucinado que sinta nos desmandos do seu errante cérebro, um chamamento para este terror sem quartel...

Como prosseguir com a rotina, sem que esse crescente medo tome conta de todos aqueles que querem viver sem as amarras de um tormento presente?

Como nos libertar dessa constante preocupação por nós e por aqueles que amamos?

O que directa ou indirectamente estes terroristas medievais pretendem, é na verdade, condicionar o dia-a-dia das pessoas, introduzindo essa mesma insegurança, como um padrão comum ao quotidiano cada vez mais sombrio, nesse receio tão Humano que nos invade...

Como pode um pai deixar o filho ir a um concerto sem que esta preocupação o tome de assalto?

Como conviver com este tormento de a qualquer momento um louco destruir a vida de alguém que amamos?

É neste tipo de dúvida e de pesadelo, que se encontram aqueles que vivem nestas sociedades atormentadas por este tipo de radicais, sem amor pela vida do outro ou mesmo pela sua...

E assim importa recordar o único caminho que temos para lutar contra este tipo de terror:

O de não cedermos ao medo, à insistente vontade, de condicionarem o nosso modo de vida.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

21.04.17

 

As eleições Francesas estão a chegar, misturadas com este estigma do terrorismo tão em voga por essa Europa a dentro...

Por esse medo cada vez mais acirrado, de em cada esquina se encontrar um tresloucado terrorista, de arma na mão, de bomba transformada em camião ou a insana vontade de matar indiscriminadamente.

O perigo que daqui decorre, é precisamente o desespero na hora de votar, com o receio a comandar a escolha eleitoral, baseada nesse intenso sentimento de insegurança...

É aqui que se encontra, a França da actualidade.

É com este pesadelo que os eleitores Franceses terão de lidar, neste momento em que se lhes pede, que tenham o discernimento para conviver com este Terrorismo em versão franchising, que todos os dias parece ameaçar as culturas ocidentais e as suas democracias.

O terrorismo deixou de ser executado tradicionalmente como estávamos habituados até aqui, deixou de responder aos moldes que anteriormente conhecêramos...

Actualmente, qualquer jovem, seduzido pelas redes sociais, se investe nesse direito de executar os pensamentos torpes de um qualquer Daesh, de um qualquer Mullah, que escondido em qualquer parte deste mundo, através da Internet dissemina o seu ódio, como vontade de Deus, desígnio divino.

Os terroristas que emergem, esfaqueiam, matam, atropelam, ferem cidadãos inocentes, mulheres, homens, crianças, não viajam da Arábia Saudita, do Irão, da Síria, nasceram intra-muros, dentro deste continente impregnado de história, chamado Europa...

São seus filhos, sem o desejarem, são os seus bastardos, sem o esconderem.

Este dilema configura a grande incógnita de como poderemos lidar com tamanho problema, evitando ao mesmo tempo que os populistas de plantão possam cavalgar sobre a imensidão do receio, que daqui advém para todos aqueles que sendo Europeus temem a ameaça, que cada vez mais se aparenta premente.

Estas eleições Francesas, irão directa ou indirectamente, dar a resposta sobre qual o caminho que poderemos tomar nesta encruzilhada em que nos encontramos...

E assim, ansiosamente, aguardarei por domingo para tentar compreender se ainda conseguiremos, com discernimento, responder ao medo com coragem.

A coragem de nos mantermos tolerantes.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

21.02.17

 

Em cada casa devastada;

Uma alma abandonada,

Por cada bomba ali caída,

Uma esperança que foi traída,

Em cada ruína ilustrada,

Uma lágrima derramada,

Por cada rosto sofredor,

Uma recordação de tanta dor,

Em cada pedaço desta história,

Choram-se balas na memória,

Por cada filho desaparecido,

Um país quase perdido,

Em cada pedra dessa estrada,

Uma mágoa bem trancada,

E por cada palavra esquecida,

Sobra essa tamanha ferida,

De seu nome,

Aleppo...

 

 

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2023
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2022
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2021
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2020
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2019
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2018
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2017
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2016
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
Em destaque no SAPO Blogs
pub