Vivemos tempos difíceis, não só Portugal mas o mundo, por entre esta pandemia que insiste em nos amarrar a uma crise sem precedentes.
Durante estes meses, não me inibi de elogiar a postura do Governo Português, as suas primeiras medidas neste combater ao Covid-19, desde o Confinamento, a consciencialização da população, determinação inicial de apoio à economia.
Tantos foram esses momentos neste ciclo pandémico que trouxe incerteza e desconhecimento, diante da doença, receio e fantasmas de uma recessão descontrolada.
No entanto, no fim de Maio, o Governo Português optou pelo desconfinamento da população, parcial diziam uns, com cuidados reforçados diziam outros, num gesto carregado de confiança, naquele que havia sido designado o milagre Português.
Correu mal...
Correu mal, simplesmente, porque em nenhum caso fomos um milagre, mas sim o resultado de um confinamento, em alguns casos voluntário, que nos permitia ter a doença controlada mas não extinta.
Ao não controlar a construção civil, não acautelar as condições nos transportes públicos, principalmente os que entravam na cidade de Lisboa vindos das periferias, o Governo foi deixando correr uma situação que ameaçava ser de difícil resolução.
Aliando a estes factos as selvagens atitudes de algumas camadas da Sociedade, demonstradas numa jovial falta de responsabilidade, entrámos nesta nova fase de Pandemia como se esta jamais tivesse existido, caminhando "estupidamente" para uma situação de total irresponsabilidade.
De Governantes e governados.
E a economia?
Claro que isso é algo que me preocupa de sobremaneira, sendo esse o atenuante para aqueles que têm de decidir e arriscar neste inédito palco.
Em um ponto acompanho o Governo Português diante de alguns hipócritas, que estando em igual ou pior situação, nos apontam o dedo no panorama internacional.
Países que não testam, não podem ter novos casos, a não ser que quem se sinta mal se dirigia a um hospital, países que não registam mortos durante duas semanas, Viva a Espanha, não podem ter vítimas de Covid durante esse período.
Isto é factual e na minha opinião factor de credibilidade para o nosso Governo e nossas instituições.
Enfim...
Este desconfinamento trouxe trapalhada e tropeços, sendo que ainda vamos a tempo de arrepiar caminho.
Reforçar as redes de transportes, aumentar as penas e multas para quem transgride as regras sociais, fiscalizar empresas garantindo o cumprimento das regras sanitárias no trabalho, construir equipas que possam percorrer o País numa campanha de consciencialização das gentes.
Talvez com todos os elementos coordenados seja possível recuperar o que se perdeu nos últimos tempos.
Para o bem deste nosso Portugal.
Filipe Vaz Correia