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Caneca de Letras

11.03.20

 

Este Coronavirus além de perigoso é extremamente "chato"...

Da óptica de um hipocondríaco, este que vos escreve, esta malfadada epidemia incomoda em todos os quadrantes.

Não se pode tocar em portas ou objetos públicos, sem se lavar de imediato as mãos, não se pode cumprimentar as pessoas, nem beijinhos ou apertos de mão, temos de estar atentos a quem espirra ou tosse...

Além de hipocondríaco, este Canequiano é alguém que gosta do contacto com as pessoas, será uma contradição?, esse entrelaçado querer de ser educado com o outro, nesta viagem que todos cumprimos.

Apertar a mão ao senhor do café, um beijinho às meninas da padaria, a Srª Dª Maria e a Srª Dª Felicidade ou a saudação Leonina ao Sr. Fernando do Restaurante de sempre...

Nada disto é recomendável, nada disto se pode fazer, sem que o malfadado Coronavirus possa chegar e esventrar as nossas defesas.

Raios partam...

O meu lado hipocondríaco está alerta, mais do que nunca, imaginando espirros em cada esquina, perdigotos perdidos em cada lugar, mas o lado "bonacheirão" de alma sente o amarrar da preocupação que invade em cada notícia, se expressa em cada palavra.

Se até Marcelo Rebelo de Sousa, que sofre destes dois males que me caracterizam, já sucumbiu à quarentena, como poderá escapar este singelo Canequiano?

A primeira medida é adoptar o sentido Samurai da vida, esse nobre status de guerreiro, que através de leves vénias e singelos gestos demonstram a simplicidade da simpatia, o afecto discreto do ser...

Pois é assim que actualmente me comporto.

Uns metros de distância, um aceno ou vénia, esperando não encontrar ninguém a fungar ou a tossir.

Que este Coronavirus possa partir, esvoaçando pelo espaço para outra galáxia, deixando-nos novamente preocupados com aquilo que importa:

O planeta, a esquerda vs a direita, o futebol, a economia, o racismo, o amor, a poesia e afins.

Que saudades de banais discussões, entre o que importa e até algumas coisas que importam coisa alguma...

Mas de Coronavirus já estou, verdadeiramente, cansado.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

 

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