Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Caneca de Letras

18.10.17

 

A carta que Constança Urbano de Sousa entregou, pedindo formalmente a demissão de MAI, é na verdade, um esclarecimento inequívoco, do erro gigantesco de percepção, de António Costa.

Nesta carta, não restam dúvidas, de que até a Senhora ex-Ministra acreditava não ter condições para continuar no cargo, desde a tragédia de Pedrógão Grande...

Pedrógão Grande!

Não posso deixar de aqui escrever, para ser fiel às minhas convicções, que as palavras escritas por Constança Urbano de Sousa, demonstram carácter e lealdade, duas características que muito aprecio, lamentando que essas características tenham servido para António Costa, deixar a ex-Ministra entregue à sua sorte, exposta ao longo de meses na cena pública.

O Primeiro-Ministro enfrenta agora, as consequências dos seus actos, num mistura política suicida, de certezas e enganos, que o deixam fragilizado, perante o coro de criticas que o perseguem...

Costa terá agora de escolher toda uma nova equipa do MAI, e essa opção será determinante para o futuro desta solução Governativa, pois caso o nome do novo Ministro, não esteja investido de uma gigantesca capacidade política, assim como, de um reconhecido conhecimento das funções, provavelmente, estaremos diante um dos últimos actos da Geringonça.

Não existe margem para erro.

Por fim, termino citando a ex-Ministra da Administração Interna:

"Considero que estão esgotadas todas as condições para me manter em funções, pelo que lhe apresento agora, formalmente, o meu pedido de demissão, que tem de aceitar, até para preservar a minha dignidade pessoal."

Com estas palavras sai de cena esta Ministra da Administração Interna, e infelizmente para Constança Urbano de Sousa, a sua dignidade pessoal, ficou aprisionada à decisão do Senhor Primeiro-Ministro, de a deixar em funções, contra sua vontade, após Pedrógão Grande.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

16.10.17

 

Durante os incêndios de Pedrógão Grande, aqueles momentos arrepiantemente tristes, muitos quiseram ou pediram a cabeça da Ministra da Administração Interna, muitos chegaram a exigir tal consequência...

Não fui dos que se opôs a isso, no entanto, não estava certo se era esse o caminho a seguir, se na verdade, a MAI tinha esgotado ali o seu trabalho no cargo.

4 meses passados, não tenho dúvidas em afirmar, que chegou o seu fim político.

Não é possível que não tenhamos aprendido nada com a tragédia de Pedrógão, que não se tenha retirado nenhuma conclusão, neste espaço de tempo que mediou aquela desgraça e esta que agora Portugal torna a viver.

As declarações da Ministra, assim como as de António Costa, são inexplicáveis, estranhas, parecendo saídas de uma desconexa peça teatral, pejada de drama, mas em que os personagens em questão, se alhearam da realidade.

A Ministra Constança Urbano de Sousa disse aos jornalistas:

" Este não é um tempo de demissão, mas um tempo de acção!"

Se recuarmos estes meses, encontramos as mesmas palavras, da mesma pessoa, numa circunstância similar...

E o que mudou?

Fui eu que mandei desmobilizar os meios de combate, no inicio de Outubro, apesar dos avisos de várias instituições, por se considerar que tinha acabado a época de incêndios?

Foram os cidadãos que tomaram essa estúpida decisão?

Não, Senhora Ministra.

Sei da extrema seca que o País atravessa, sei que não se muda tantas falhas em tão pouco tempo, sei ainda que este será um trabalho de anos...

Sabemos todos.

Mas o que não se pode é dizer à população, que este horror será uma inevitabilidade, que voltará a acontecer, que não teremos meios para o combater...

Isso é que não.

E mais...

Se é indiscutivelmente tempo de acção, é igualmente tempo de demissão, e acima de tudo, é chegado o tempo de ter vergonha.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

16.10.17

 

Portugal está a arder, esventrado por um mar de chamas que parece não ter fim...

Um vermelhão ao longe, no horizonte, perdendo-se por entre o desespero das gentes, das pessoas, de vidas.

O pior dia do ano, no que diz respeito a incêndios,  com estradas cortadas, localidades isoladas, aldeias e cidades cercadas, tantos e tantos sítios, no meio de um pesadelo.

Como poderemos nós, cidadãos, aceitar que tudo isto ocorra, sem que nada se altere?

Basta, por uma vez, basta!

Existe por trás destes fogos mãos criminosas, uma espécie de quadrilha que actua concertadamente para construir estes cenários de horror.

Sei perfeitamente que este clima para Outubro é excepcional, que as alterações climáticas são uma realidade, que o território Nacional está em parte, ao abandono...

Sei de tudo isso, mas não consigo acreditar que seja possível este tipo de fogos, esta dimensão descontrolada, sem que exista acção humana.

Por último, independentemente dos estudos que quiserem fazer, julgo que a Ministra da Administração Interna, assim como a equipa que a acompanha, terá de abandonar o cargo, demitir-se ou ser demitida.

Não me interessa se é directamente responsável, até pode não o ser, no entanto, em última instância tem verdadeiramente muito azar...

E uma Ministra com azar, também não se recomenda para o cargo.

Que venha a chuva, para que se extinga este mar de chamas.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

 

15.10.17

 

Os incêndios não têm dado tréguas, com um Outubro excepcionalmente quente, vemos o prolongar do drama dos fogos, inquietando povoações e gentes há muito martirizadas por tamanho flagelo.

Infelizmente parece que somos incapazes de prever e precaver este tipo de tragédias, de desenvolver mecanismos que protejam este nosso Portugal, deixando à mercê as pessoas e aqueles que combatem os fogos por todo o País.

Por estes dias, foi entregue o relatório sobre a tragédia de Pedrógão Grande, que visava explicar o que sucedeu naqueles fatídicos momentos que levaram à perda de tantas vidas Humanas.

Será que irá o estado aprender com esta imensa tragédia?

Teremos responsáveis por tamanha desgraça?

O Governo afirmou, vezes sem conta, ser necessário esperar pelas conclusões desta Comissão Independente, para poder tirar as ilações devidas sobre o que se havia passado em Pedrógão, para apontar culpados, para alterar e corrigir, o que tem de ser corrigido...

É isso que aguardamos, sem mais delongas, desculpas ou manobras de diversão.

O que aconteceu em Pedrógão Grande é por demais grave, para se empurrar para as calendas, decisões que urgem ser assumidas, para explicar ao País o que verdadeiramente falhou...

Está marcado para a próxima semana um Conselho de Ministros extraordinário, para analisar este relatório, e julgo que essa será a derradeira oportunidade, para o Governo tomar uma posição clara e inequívoca, para definitivamente ser assacada responsabilidade, a quem de direito.

Caso não o façam, então, será o descrédito total.

Para bem de todos nós, esperemos que Pedrógão Grande não se repita, a dimensão de vidas perdidas, o descontrolado vazio que se impôs àquelas populações...

E isso só poderá ser evitado, se aprendermos com os erros.

Por isso, expliquem lá de uma vez, o que se passou em Pedrógão Grande?

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2023
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2022
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2021
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2020
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2019
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2018
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2017
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2016
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
Em destaque no SAPO Blogs
pub