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Caneca de Letras

17.03.19

 

O Fenómeno dos Coletes Amarelos, há muito, invadiu as ruas de França, até de outras partes do mundo...

No entanto, em nenhum outro local com esta dimensão que se regista por terras Gaulesas.

As "manifestações" deste fim de semana em Paris, trazem uma vez mais ao de cima, uma questão inquietante...

Manifestantes ou Criminosos?

Mais de 10 mil pessoas saíram de suas casas inundando as ruas de Paris, sendo estimado que cerca de 1500 radicais possam ter conseguido se infiltrar, agitando e incitando os actos de vandalismo, retratados nas várias reportagens espalhadas pelo mundo.

Palavras de ordem como Morte aos Ricos, assim como, a devastação de vários locais conotados com as classes mais abastadas, revelam a intenção de generalizar o Caos, apontando alvos e buscando cisões "antigas".

Não é cenário virgem, esta espécie de anarquia revolucionária, junto de movimentos descontrolados, muitas vezes buscando o confronto como meio de gerar novas formas de organização de uma Sociedade.

Nessa demagogia encapotada, se escondem traumas e revoltas, labirintos pincelados em Sociedades cansadas e esgotadas, incapazes de responder aos anseios dos seus cidadãos.

O que os Governantes devem compreender, ao se deparar com cenários destes, é a fragilidade da sua actuação, sendo imperioso uma absoluta firmeza e astúcia,  para não se perder o poder democrático, às mãos de um caldeirão violento e repleto de raiva.

Macron, neste caso, deve compreender o que move, parte destes manifestantes...

Por um lado, compreender e responder às pessoas que genuinamente quiseram gritar a sua condição menor, por outro lado, deve punir firmemente os que se aproveitam deste tipo de manifestações, para promover a desordem e a violência.

As duas medidas são inseparáveis para a construção de uma sólida manutenção de um regime democrático.

Respeitando quem se manifesta, Castigando quem comete estes crimes.

Convém não esquecer que esta ideia ancestral de uma exterminação dos Ricos, nunca levou a um enriquecimento dos Pobres.

Antes pelo contrário, vários são os exemplos ao longo da História, onde este tipo de ideal, surtiu um efeito devastador para as Sociedades que o testaram, como referência...

A China, a URSS, Cuba ou até a Venezuela, em diferentes momentos da sua existência, buscaram nos Ricos e na divisão de suas Sociedades, a razão para criar e sustentar as clivagens que justificariam as suas revoluções.

Nunca resultou.

Tentemos aprender com o "nosso" passado, para descodificar os perigos do presente.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

11.12.18

 

A política é feita de expectativas e percepção, de convicções e caminhos, de esperança e decisões...

Ontem em Londres e Paris, dois "Líderes" agonizaram, duas figuras políticas se perderam, por entre, as teias da incoerência.

Theresa May, obrigada a adiar a votação ao acordo que trouxe de Bruxelas, admitindo assim, o fracasso do seu plano político.

A Senhora May, cada vez mais encurralada, empurra para a frente o seu destino, tentando ganhar tempo, buscando um "milagroso" momento, que na minha opinião, já não chegará.

Talvez um novo referendo, seguido de eleições legislativas, seja a única solução para um Reino Unido, traído por ideólogos populistas que deixaram, como seu legado, o Caos.

Do outro lado do Canal da Mancha, encontramos Emmanuel Macron, alguém que, num determinado momento, trouxe esperança e encantamento, sabendo potenciar com os seus discursos, a vontade de uma mudança capaz revitalizar a Sociedade Francesa, sem radicalismos.

A sua vitória trouxe acalmia e tranquilidade, afastando o cenário Le Pen do Eliseu, no entanto, como na altura escrevi, esta seria a última oportunidade dos Democratas Franceses e Europeus, afastarem Marine Le Pen do poder, se falhassem ou defraudassem as pessoas, nada mais restaria...

E de facto, Macron está a desiludir.

Está, em certa medida, a trilhar o mesmo rumo de Hollande, carregando consigo a mesma imagem de incapacidade e de plasticidade.

O seu discurso ao País, foi no mínimo desastroso, incompreensível, desgarrado e cobarde.

Depois deste discurso de Macron, será difícil não escrever, que o poder parece estar na "rua".

Promessas de aumento salarial, ao estilo "Venezuela", deixando no ar uma sensação atabalhoada e assustadora, numa das maiores economias Europeias, Mundiais.

E poderá ser esse sentimento de "anarquia" política e ideológica, a reforçar aqueles que fazem do autoritarismo demagogo a sua arma.

Cedendo, cedendo, cedendo....

Parece ser esta a palavra de ordem tanto no Reino Unido, como em França, num desesperado e derradeiro acto.

Enfim, um mesmo sentimento dos dois lados do Canal da Mancha...

Uma infinita e profunda desilusão.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

01.12.18

 

Coletes amarelos em plena Paris, esventrando em cada instante, o sentido purista de qualquer reivindicação.

Não se consegue compreender a tamanha violência no coração Parisiense, a boçalidade inerente àquelas gentes...

O aumento da gasolina?

O crescente aparecimento de taxas?

Com certeza que se pode discutir esses pontos, se admite e aceita que alguns saiam às ruas para gritar bem alto a sua indignação...

Porém, não se trata de nada disso.

É simplesmente violência, somente a busca do caos.

E quem se alimenta do caos, não são os cidadãos comuns...

São os ignorantes.

 

 

Filipe Vaz Correia

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