30.08.17
A Autoeuropa enfrentou pela primeira vez em 20 anos uma greve dos seus trabalhadores, algo que surpreende e deixa algumas interrogações no ar...
Será esta a primeira vez que trabalhadores e administradores daquela fábrica, encontram desavenças no seu caminho negocial?
António Chora, o antigo líder histórico da comissão de trabalhadores, agora retirado, veio dar as respostas para muitas das questões, que a muitos causam estranheza.
A intervenção do PCP, através da CGTP, o seu movimento sindical, constitui aqui a grande novidade num processo negocial que ao longo dos anos, sempre conseguiu ser gerido de forma moderada e com cedências de ambas as partes.
Aproveitando o vazio existente na comissão de trabalhadores, aguarda-se o resultado das eleições para uma nova estrutura de liderança, dessa mesma comissão, a CGTP através do seu Secretário Geral e representantes, veio a terreiro tentar construir uma plataforma de influência num local, onde nunca antes o havia conseguido.
Diante destes factos, a administração da Autoeuropa, cumprindo aliás recomendação da sede, mantém-se irredutível no desejo de apenas negociar com a comissão de trabalhadores, como sempre o fez e com os fantásticos resultados que todos ao longo do tempo têm reconhecido.
O perigo que aqui se encontra, é o de um insistente esticar de corda, muito habitual na CGTP e que certamente poderá levar a um novo enquadramento na fábrica de Palmela.
Aos trabalhadores da Autoeuropa importa pensar no caminho percorrido nestes últimos vinte anos, se em algum momento se sentiram lesados, ou pelo contrario, se conseguiram sempre através dos acordos acertados, entre outros por António Chora, condições que poucos podem reivindicar para si, noutros locais, noutras empresas.
Permitirem a entrada de um movimento sindical cristalizado e radical, não os aproximará dos seus direitos, julgo mesmo, que os aproximará do seu contrário.
Assim julgo ser pertinente a eleição da dita comissão de trabalhadores e que estes se recordem do legado que homens como António Chora deixaram, numa relação estreita e saudável com as administrações que os tutelam.
Porque só em conjunto se pode construir o futuro e tanto as anteriores comissões de trabalhadores, como as administrações da Autoeuropa, pareciam disso ter consciência...
Já a CGTP, tenho muitas dúvidas!
Filipe Vaz Correia