03.09.21
Ainda custa soletrar cada pedaço de nada
soluçar esse pedaço de arca moida
esperando a minha mãe do outro lado da porta do quarto
nesse entretanto que hoje me parece distante.
Queria mais...
tanto mais que o não consigo expressar nestes versos
nesse vazio imenso que me sobra
na inconstante versão de nós mesmos.
Queria voar e gritar,
ser maior do que as asas,
e em cada pedaço de mim libertar
os medos que me agrilhoavam.
Queria olhar para aquele menino e o abraçar
explicar que medos e segredos rimam
mesmo que pareçam maiores do que a vida
do que a realidade construída em seu presente.
Já sei soletrar e escrever,
mas anseio por esse chamamento do outro lado da porta,
do fim de brincadeira que se extinguia na presença de um adulto
desse crescimento que faria de mim um homem.
O tempo passou;
o mundo mudou
parte do meu sorriso findou,
e os medos permaneceram...
Mas já não te tenho Mãe!
Frias se tornaram as ruas,
tristes se tornaram as poesias,
sombrios ficaram os versos,
no final de cada dia.
E eu...
continuo a caminhar.