03.10.20
Meus amigos, as palavras de Carlos Drummond de Andrade na voz de Caetano Veloso...
Perfeita declamação de um poema extraordinário.
Filipe Vaz Correia
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03.10.20
Meus amigos, as palavras de Carlos Drummond de Andrade na voz de Caetano Veloso...
Perfeita declamação de um poema extraordinário.
Filipe Vaz Correia
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17.06.19
Tim Bernardes...
Este nome que me chegou do outro lado do Atlântico, num dia como outro qualquer, numa explosão de sentimentos e melodias, nesse Recomeçar imenso que se amarrou a minha alma, desmedidamente constante.
Já aqui escrevi sobre ele, sobre a forma como a sua escrita transposta em música se entrelaça com o âmago desse intenso sentir provocador, desconstruindo o formigueiro extasiante que se instala, que nos assalta num singelo segundo, eterno pequeno segundo.
Tudo é imenso, imensamente curto, intervalado com a imensidão longínqua desse espaço estelar que ecoa a cada pedaço de letra, cada verso, cada rima, cada sentido pormenor.
Por estes dias assistindo a uma sua entrevista me deparei com as palavras de Caetano Veloso...
" Uma maravilha de afinação, controle da dinâmica, refinamento, execução instrumental e liberdade na elegância do uso do palco e da luz - além das composições personalissimas de caminhos fascinantemente desviantes... Tive a certeza de que a música Brasileira é forte para sempre. Quem vê um show de Tim Bernardes não pode nem acompanhar o movimento mental de quem diz que nossa canção hoje não tem valor. "
Caetano expressou através das suas palavras o espantoso talento deste jovem músico, num gesto de grandeza e sapiência de um mestre, sabendo valorizar o que de melhor fazem aqueles que continuarão o seu legado.
Tim emocionado contou que havia sido Salvador Sobral a apresentar o seu álbum "Recomeçar" para Caetano Veloso, numa irónica encruzilhada do destino, nesse abraçar dos dois lados do Atlântico.
Caetano precisou de vir a Portugal para conhecer o trabalho absolutamente deslumbrante deste seu conterrâneo.
Da minha parte apenas referir o quanto admiro este álbum, o artista e a melodiosa poesia saltitando por entre os acordes da sua viola ou das teclas do seu piano.
Desnudado de folclore, de tamancos ou subterfúgios, assim é Tim Bernardes, despido em palco de distracções, apenas a sua voz e o imenso talento que lhe pertencem.
Como é bom conhecer e apreciar a genialidade dos melhores...
Um impressionante privilégio.
Filipe Vaz Correia
13.05.18
Não pensei escrever sobre o Festival da Canção, pois para ser honesto mal o acompanhei, no entanto, como poderia deixar de aqui relatar, essa parte de mim, que emocionadamente não consegue esconder o contentamento maior, entrelaçado com a sublime beleza de um momento...
Salvador Sobral!
Assistir àquele instante em que Salvador subiu ao palco, acompanhado ao piano por Júlio Resende, para cantar "Mano a Mano", foi para mim mais do que arrepiante, um retrato mágico, deslumbrantemente perfeito.
Em cada expressão da sua voz se contorcia a melodia, em cada palavra pintada no seu olhar, se enternecia a vontade minha de querer suspender eternamente aquele pedaço de prazer.
Sem palavras...
Uma espécie de apogeu, descompassadamente arrepiante, repetidamente arrepiante.
Ainda não refeito daquele instante, tive de suportar o passo seguinte...
Caetano no palco para um momento a dois, cantando "Amar pelos Dois", transformando lentamente a Eurovisão, num recanto imaginário de pura eternidade.
A eterna querença do belo, inquietantemente sedutor, como um quadro de Rembrant ou um poema de Pessoa, como um texto de Vinicius ou uma invenção de Da Vinci.
Foi essa sensação que ali senti, prendendo-me através da alma ao sentido sentir que só o esplendor consegue arrebatar.
Por tudo isto, valeram a pena os cinco minutos de Festival da Canção a que assisti...
Cinco eternos minutos que repetiria vezes sem conta, como se de um sonho se tratasse.
Obrigado Salvador e Caetano.
Filipe Vaz Correia
07.02.17
Estes dias temos visto o rosto de um Brasil, que entristece, assusta, enfim demonstra a agonia em que se encontra, este extraordinário país.
As imagens que todos os dias nos chegam, sinalizam a anarquia vigente no estado do Espírito Santo, em particular na capital Vitória, demonstrando um horror incalculável, mas acima de tudo, uma impotência absolutamente indiscritível para quem naquele local habita...
Como se pode compreender todo um sistema policial, que deve proteger milhões de pessoas, se torne inoperante, inexistente, em direto, ao vivo, deixando as ruas se tornarem numa lotaria, numa arena para o crime organizado, para o terror desgovernado semear o pânico perante os cidadãos inocentes que se veem envolvidos neste turbilhão de assaltos e mortes.
Em quatro dias, pelo menos 62 mortos e milhares de saques, em ruas, lojas, autocarros, que entretanto pararam de circular...
Escolas e universidades fechadas, pessoas trancadas em suas casas, pedindo aos Deuses que ninguém lhes roube o direito de viver, tudo filmado e transmitido para o mundo, perante a estupefacção de todos aqueles que de fora assistem incrédulos a este cenário dantesco.
O Brasil é há muito vitima de uma desmedida corrupção, inerente à sua elite política, desde Collor a Lula, de Temer a Cunha, desde o Mensalão ao Lava Jato, formada por gente sem escrúpulos, sem a noção do bem público ou do bem estar geral, permitindo que este regime brasileiro se transformasse neste saco de gatos sem pudor ou vergonha.
A política brasileira está podre, desgraçadamente sem soluções, sem esperança e isso leva a um imenso sentido de impunidade que gera essa revolta constante, que se vê nas cadeias e nas ruas, nos polícias e deputados, sobrecarregando assim, o cidadão comum, aprisionado a este paradigma de um país perdido...
O Brasil que nos envolve a alma, finta como Péle ou Garrincha, canta como Caetano ou Betânia, representa como Lima Duarte ou Bibi Ferreira, encanta como Elis Regina ou Roberto Carlos, compõe como Carlos Drummond de Andrade ou Vinicius de Moraes, amarra-nos às gargalhadas de Jô Soares, à voz de Martinho da Vila ou Chico Buarque, à beleza de Luanna Piovanni.
Este é o Brasil dos meus sonhos, tão pouco representado neste triste espetáculo que insiste em prevalecer, por entre o sol e o carnaval que celebrizam as terras de Vera Cruz.
Ao ver aquelas imagens lembrei-me do enorme Cazuza e desta música, celebrizada no genérico da novela Vale Tudo, e que tanto representou para aquele momento, na vida desse imenso Brasil...
Parece que voltámos atrás no tempo, retrocedendo quase 40 anos, até ao grito de revolta, plasmado na voz desse intemporal intérprete:
"Não me elegeram para chefe de nada, O meu cartão de crédito é uma navalha, Brasil mostra a tua cara, Quero ver quem paga para a gente ficar assim"
"Brasil, qual é o teu negócio, O nome do teu sócio, confia em mim"
Diante deste percurso torto, enviesado, construido ao longo de tantas décadas, está na hora de voltar a ouvir Cazuza e encontrar por fim, um caminho que permita a este Brasil mostrar a sua verdadeira cara, aquela que está escondida por debaixo de tamanha corrupção.
Brasil, não tenhas medo, de mostrar a tua cara!
Filipe vaz Correia
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