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Caneca de Letras

Caneca de Letras

As Estrelas Do Céu

Filipe Vaz Correia, 13.10.20

 

 

 

 

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Contei todas as estrelas do céu;

Uma a uma, cada uma

Olhei para elas despidas

Na bruma, discreto

Escutando as perdidas

Naquela imensidão...

 

Decorei o seu brilho;

Vislumbrei o seu reflexo

Questionei o seu destino

Desafio sem tino

De um universo em desatino...

 

Contei todas as estrelas do céu;

Uma vez mais interrogando

De onde vieram, para onde irão

Nesse mistério desesperando

Por uma resposta em vão...

 

Contei todas as estrelas do céu;

E continuei a contar, devagar

Sem saber que no meu olhar

Também elas se podiam vislumbrar...

 

E assim sem parar;

Mais uma vez, devagar

Contei todas as estrelas do céu.

 

 

Soletrados Anseios

Filipe Vaz Correia, 14.05.19

 

 

 

Às vezes por entre o breu da noite;

Reservo parte de mim,

Buscando os sonhos adiados,

Os anseios perdidos de outrora...

 

Aqueles momentos nunca encontrados;

Os desenhos rabiscados,

As palavras ensaiadas,

Versos inacabados...

 

Às vezes por entre o breu da noite;

Se apodera de mim,

Esse medo sem fim,

De ter passado por aqui,

Sem ter ousado voar...

 

E nos silêncios de tamanhos desencantamentos;

Me amarro aos sorrisos,

Pedaços de sentimento,

Um dia vividos,

Nesta parte de destino,

Só meu...

 

Às vezes por entre o breu da noite;

Atrevo-me a voar,

Como se o céu,

Não tivesse fim.

 

 

O Céu E O Tempo...

Filipe Vaz Correia, 21.06.18

 

Estou cansado de escrever, por entre linhas e linhas de prosa ou poesia, a melancólica dor que invade, em cada pedaço deste céu, os meus solitários pensamentos...

Límpido e cristalino, carregado de histórias indecifráveis, de recordações memoráveis, desejos e esconderijos, sonhos e arrependimentos, vãs palavras ou singelos gestos de afecto.

Quantos olhares se perdem neste instante, por debaixo deste mesmo céu?

Quantas lágrimas correm pelos mais variados rostos, enquanto se entrelaçam renovadas gargalhadas em forma de contraste?

Quantos se perderam a olhar para o estrelado céu antes de uma batalha, de uma decisão, de uma despedida, de um findar daquele imenso amor?

Um calor abrasador...

Tão abrasador como sedutor, numa mistura insinuante de vida, de um intemporal sentir que parece reacender despudoradamente.

Quantas vozes buscam o ecoar da sua alma?

Quantas almas procuram por entre o o brilho desse luar, aquele mágico momento, onde fará sentido o bater esperançoso de um destino?

Quantas...

Tamanhos os mistérios num rebuliço permanente, onde as gentes caminham loucamente sem parar, não conseguindo amarrar a cada pedaço desse destino, o sonho que desejaram resgatar.

Não existe tempo, nem tempo para existir...

Encerro aqui estas desconexas linhas, as tamanhas interrogações intermitentes que parecem buscar um sentido, mesmo que desencontradamente desalinhadas ou desalinhadamente desencontradas.

Apagam-se as luzes, escuta-se o silêncio, a contraditória saudade que se perdeu, daquilo que ficou por conquistar, cobardemente esquecido em tempos perdidos...

E continua o céu a sobrevoar o tempo, de todos nós.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

 

Vidas...

Filipe Vaz Correia, 29.11.17

 

Recordo-me de tantos rostos, de tantas vozes...

Revejo em mim tanta gente, pessoas que encontrei neste destino sem fim, que percorreram por um momento o mesmo caminho que eu, que a minha alma.

A noite cai...

Chega...

Despudorada.

Sentado na janela da minha sala, sala de estar, observo as estrelas ausentes, o brilho que se esconde por entre as nuvens que teimam em cobrir esse céu.

Uma e outra luz que se acendem, brilham nas janelas, como deveriam as estrelas brilhar nos céus...

São vidas em caixas, cubículos compartimentados, impregnados de sorrisos e lágrimas, de gentes e pensamentos, alegrias e desgostos.

Tantas e tantas vidas percorrendo os seus destinos, pais e filhos, avós e netos, jovens ou velhos...

A noite cai...

O dia finda.

E continua a correr o tempo, continua a soltar-se o infinito, por entre os que morrendo desaparecem, os que nascem irrompendo, os que permanecem...

Permanecendo.

Revejo em mim tantos rostos, tantas vozes...

Tantas vidas passadas, reencontradas nesta, somente nesta, certeza única.

A noite teima em cair...

O radio continua a tocar, a janela aberta continua deixando o frio entrar, enquanto observo o céu, buscando imperfeitamente as razões para que o meu coração continue a bater descompassadamente.

A vida continua...

E vida após vida, buscarei reencontrar-te.

 

 

Filipe Vaz Correia