Estou cansado de escrever, por entre linhas e linhas de prosa ou poesia, a melancólica dor que invade, em cada pedaço deste céu, os meus solitários pensamentos...
Límpido e cristalino, carregado de histórias indecifráveis, de recordações memoráveis, desejos e esconderijos, sonhos e arrependimentos, vãs palavras ou singelos gestos de afecto.
Quantos olhares se perdem neste instante, por debaixo deste mesmo céu?
Quantas lágrimas correm pelos mais variados rostos, enquanto se entrelaçam renovadas gargalhadas em forma de contraste?
Quantos se perderam a olhar para o estrelado céu antes de uma batalha, de uma decisão, de uma despedida, de um findar daquele imenso amor?
Um calor abrasador...
Tão abrasador como sedutor, numa mistura insinuante de vida, de um intemporal sentir que parece reacender despudoradamente.
Quantas vozes buscam o ecoar da sua alma?
Quantas almas procuram por entre o o brilho desse luar, aquele mágico momento, onde fará sentido o bater esperançoso de um destino?
Quantas...
Tamanhos os mistérios num rebuliço permanente, onde as gentes caminham loucamente sem parar, não conseguindo amarrar a cada pedaço desse destino, o sonho que desejaram resgatar.
Não existe tempo, nem tempo para existir...
Encerro aqui estas desconexas linhas, as tamanhas interrogações intermitentes que parecem buscar um sentido, mesmo que desencontradamente desalinhadas ou desalinhadamente desencontradas.
Apagam-se as luzes, escuta-se o silêncio, a contraditória saudade que se perdeu, daquilo que ficou por conquistar, cobardemente esquecido em tempos perdidos...
E continua o céu a sobrevoar o tempo, de todos nós.
Filipe Vaz Correia