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Caneca de Letras

11.12.18

 

A política é feita de expectativas e percepção, de convicções e caminhos, de esperança e decisões...

Ontem em Londres e Paris, dois "Líderes" agonizaram, duas figuras políticas se perderam, por entre, as teias da incoerência.

Theresa May, obrigada a adiar a votação ao acordo que trouxe de Bruxelas, admitindo assim, o fracasso do seu plano político.

A Senhora May, cada vez mais encurralada, empurra para a frente o seu destino, tentando ganhar tempo, buscando um "milagroso" momento, que na minha opinião, já não chegará.

Talvez um novo referendo, seguido de eleições legislativas, seja a única solução para um Reino Unido, traído por ideólogos populistas que deixaram, como seu legado, o Caos.

Do outro lado do Canal da Mancha, encontramos Emmanuel Macron, alguém que, num determinado momento, trouxe esperança e encantamento, sabendo potenciar com os seus discursos, a vontade de uma mudança capaz revitalizar a Sociedade Francesa, sem radicalismos.

A sua vitória trouxe acalmia e tranquilidade, afastando o cenário Le Pen do Eliseu, no entanto, como na altura escrevi, esta seria a última oportunidade dos Democratas Franceses e Europeus, afastarem Marine Le Pen do poder, se falhassem ou defraudassem as pessoas, nada mais restaria...

E de facto, Macron está a desiludir.

Está, em certa medida, a trilhar o mesmo rumo de Hollande, carregando consigo a mesma imagem de incapacidade e de plasticidade.

O seu discurso ao País, foi no mínimo desastroso, incompreensível, desgarrado e cobarde.

Depois deste discurso de Macron, será difícil não escrever, que o poder parece estar na "rua".

Promessas de aumento salarial, ao estilo "Venezuela", deixando no ar uma sensação atabalhoada e assustadora, numa das maiores economias Europeias, Mundiais.

E poderá ser esse sentimento de "anarquia" política e ideológica, a reforçar aqueles que fazem do autoritarismo demagogo a sua arma.

Cedendo, cedendo, cedendo....

Parece ser esta a palavra de ordem tanto no Reino Unido, como em França, num desesperado e derradeiro acto.

Enfim, um mesmo sentimento dos dois lados do Canal da Mancha...

Uma infinita e profunda desilusão.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

30.11.17

 

O Governo de Portugal anunciou hoje que Mário Centeno, Ministro das Finanças, é candidato à Presidência do Eurogrupo.

Há muito que se aventava esta possibilidade, servindo de mote a muitas especulações em torno da figura do Ministro Centeno...

Segundo consta, Mário Centeno é mesmo apontado como o grande favorito ao lugar, reunindo apoios de Governos como o Alemão, o Italiano, o Espanhol, não se sabe a posição Catalã, e o Francês.

O Ronaldo do Eurogrupo, parte assim da Pole Position para assegurar este lugar em Part-Time, cargo que agora parece muitíssimo valorizado em Lisboa.

O papel de Centeno no Governo Português sempre me pareceu de valor, pois acredito ser dele o esforço maior para controlar os ímpetos Comunistas, Bloquistas e até Socialistas, num equilíbrio difícil, para manter as contas públicas em ordem, mesmo diante os variados desejos da Esquerda Nacional.

Este último Orçamento será o que me parece mais complicado de cumprir, aquele em que o Ministro das Finanças terá mais cedido, no entanto, não deixo de admitir que ao fim deste período de mandato, Centeno superou em muito as expectativas que nele depositava.

Acima de tudo, quero acreditar que para avançar com esta candidatura, António Costa terá garantido a eleição de Mário Centeno ab anteriori, pois caso saia derrotado, isso implicaria uma pequena humilhação para aquele que será aos olhos de muitos, o mais importante membro desta Gerigonça.

Assim, aguardemos o resultado desta eleição, para percebermos se o Ronaldo das Finanças, poderá ou não brilhar além fronteiras.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

31.10.17

 

Carles Puigdemont reapareceu....

Numa sala em Bruxelas, Clube de Imprensa, repleta de profissionais tentando encontrar respostas para as interrogações criadas, pela suposta fuga do anterior Presidente da Generalitat Catalã.

O que se poderia esperar?

Teria pedido asilo político?

As suas palavras são a constatação daquilo que ontem em surdina, muitos anteviam:

Cobardia!

Puigdemont vem a esta conferência de imprensa, dizer que não está ali para pedir asilo político, mas sim porque temeu pela sua segurança em Espanha, devido à actuação do Governo de Madrid...

A sério?

Diz ainda que terá em Bruxelas uma maior capacidade e liberdade, para poder intervir e que só regressaria a território Catalão, caso lhe dessem totais garantias de segurança.

Claro que sim, Senhor Puigdemont.

Na verdade, já não se fazem líderes nem revolucionários como antigamente, pois numa Era do mediatismo, conseguimos descobrir facilmente, os ratinhos que querem ser leões...

Sem nunca deixarem de ser ratinhos.

Puigdemont garantiu a sua fuga, no meio de um sem número de desculpas, esquecendo os milhões de apoiantes que acreditando na Causa que ele representava, ali ficaram presos, entre o sonho realizado e a inacabada vontade de o concretizar.

Serão muitos os jovens e velhos, cidadãos dessa Catalunha que ousaram gritar Independência, mas que agora  não terão a sorte de Carles Puigdemont, sendo assim obrigados a conviver com as consequências de tais actos.

Assim pouco importa saber se pediu asilo ou fugiu...

Foi simplesmente, um cobarde.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

22.05.17

 

Portugal está mesmo na moda, até em Bruxelas, local onde há muito tempo não se via um comportamento tão otimista em relação a este nosso querido País.

Depois de vencer o Euro de Futebol, o País rendia-se ao optimismo improvável do destino lusitano, no entanto, não ficámos somente por essa alegria, nos tempos seguintes baixámos o malfadado Déficit para 2%, muito melhor do que os 2.5% exigidos pela União Europeia, o desemprego baixou consideravelmente e a economia arrancou em definitivo...

O turismo no ano 2016 conheceu o melhor resultado da sua história, sendo que os primeiros indicadores deste ano, apontam para um resultado ainda melhor para 2017, no meio de tudo isto, tivemos em Fátima o Papa Francisco e a vitória do nosso Salvador na Eurovisão, para completar a histeria mundial, que nos coloca nas bocas do mundo digital.

Mas Portugal não parou com estas boas novas e num instante todos se aperceberam que estaria em Lisboa, no Hotel Ritz, Madonna, a rainha da pop que aproveitou uns dias de férias para desfrutar deste paraíso Português e até poderá existir a hipótese, segundo avançam alguns média, de estar a pensar em comprar casa e mudar-se para a nossa bela cidade, seguindo os passos de Monica Belluci ou Eric Cantona...

Imaginem que até andou a informar-se sobre colégios, visitando o Liceu Francês.

E assim quando tudo parecia perfeito, Bruxelas resolve intrometer-se, talvez enciumada com tamanha atenção alheia, e num momento histórico propõe retirar Portugal do procedimento de deficit excessivo em que o País se encontrava há quase 8 anos.

Os Deuses devem estar loucos...

Os pais da obra, os tios e padrastos, todos acorreram em busca de um microfone para registar para a posteridade a sua participação neste extraordinário dia...

E assim com Portugal na moda ou bafejado por uma fortuna divina, como preferirem, de uma coisa podemos todos estar certos:

Não há povo como o nosso, nem triste fado que sempre dure...

Viva Portugal!

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

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