19.02.20
O primitivo sentir que por vezes vem ao de cima...
Nesta polémica de Marega, assim como em outras ao longo dos tempos, se separam as águas, saltam ao de cima princípios e valores, características civilizacionais.
Um grande amigo disse-me:
É uma questão de empatia como Ser Humano, consegues ou não te colocar na situação do outro, imaginar o que terá sentido o "tal" de Marega.
E tem toda a razão.
Alguns dizem ou escrevem que o rapaz é mesmo parecido com um macaco e que outros em similar situação tomaram atitudes diferentes ou não tiveram o mesmo tipo de solidariedade.
Enfim...
Justificações gerais, para escapar da situação concreta.
Recuso o argumento de que Portugal é um País racista, recuso de forma veemente, pois a nossa História e cultura tem muitas provas desse caminho construído por várias raças, com várias cores, num quadro intemporal de riqueza e deslumbre.
Claro está que neste percurso momentos bons se mesclaram com outros menos bons, no entanto, olhando para a pintura quase milenar, teremos de abraçar o legado Lusitano como uma magnífica História de inclusão e globalidade.
Dito isto...
Em Portugal existem racistas, como em todas as partes do mundo, racistas Brancos e Pretos, Ciganos ou Amarelos, Vermelhos ou de outra raça qualquer.
E todas essas formas de preconceito são absolutamente repugnantes.
Numa sociedade que vive o trauma Ventura/Joacine, irmãos no mediatismo, capazes de tudo para se alimentarem das clivagens na nossa sociedade, este tipo de casos permitem o vociferar de alguns em nome das suas intrínsecas frustrações.
Cabe a todos os que acreditam no lado Humano da nossa espécie, esta que sendo colorida é também rica em laços de fraternidade, saber afastar os que se alimentam destas fracturantes questões para se sentirem um pedaço melhor.
Vale sempre a pena não sucumbir ao boçalismo, a esse estranho ódio que se instala e em outros momentos da História levou a Humanidade por caminhos de terror.
O que importará gritar é a indignação nestes casos, os Maregas pretos num campo em Guimarães, os Maregas encarnados na recôndita Amazónia, os Maregas amarelos nas montanhas do Tibete ou os Maregas Brancos na África do Sul ou no Zimbábue...
Todos são vítimas de um boçal e repugnante sentir.
Deste nosso País sobrará o orgulho de quase em uníssono, Quase, se ter levantando a voz da civilidade de um Povo contra os ignorantes urros de alguns...
O nobre Povo Lusitano.
Filipe Vaz Correia