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Caneca de Letras

Caneca de Letras

Palavras...

Filipe Vaz Correia, 19.04.19

 

Existem palavras pequenas que carregam consigo desmedidos pensamentos, outras gigantes que, mesmo assim, não conseguem medir a dimensão de um querer...

Existem frases curtas, intensamente envergonhadas, que entrelaçam vontades, sinceras saudades, sem tamanho.

Outras frases mais alongadas, carregadas de vírgulas, disfarçando, sem querer, o sentir tão preciso, ao mesmo tempo conciso, num longo abraço de querença ou desesperançada esperança.

Existem palavras silenciosas, timidamente perdidas, por entre, silêncios, palavras nunca ditas ecoando mais longe do que gritos anunciados...

Porém, existem outras palavras ruidosas, que vociferadas à distância, conseguem imensamente amarrar toda a expressão de um singelo instante.

Somente palavras, sempre palavras, numa enlaçada pintura...

Umas vezes quente, outras gélida, pincelando com beleza, porventura crueza, os destinos que nos constroem...

Numa desconstrução que insiste em desnudar o sentido das coisas.

Por vezes amar é simplesmente isso...

Uma espera ausente de palavras sentidas, num desencontrado querer que nos amarra.

Amo-te!

Está dito.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

Beijo Teu...

Filipe Vaz Correia, 15.11.18

 

 

 

Oiço uma canção no ouvido;

As palavras de um poeta,

Nessa mágoa em cada esquina,

Ardor ou dilema,

Pedaço de ferida,

Perdido em meu poema...

 

Num abismo;

Cavado, por entre, lágrimas,

Poesia ou sismo,

No meu desmedido coração...

 

E batendo timidamente;

A cada passo solitário,

Vai sonhando cinicamente,

Com esse futuro,

Que não chegará...

 

Mas valerá a pena;

Amor...

 

Valerá sempre a pena;

Sonhar sem adormecer,

Abraçar nessa terna despedida,

O leve esmorecer,

Da alma...

 

Ténue morrer;

Num imenso viver,

Que recusarei esquecer,

Por entre...

 

Cada beijo teu.

 

 

 

 

 

 

Já Foste Feliz?

Filipe Vaz Correia, 12.12.17

 

Tantas vezes me questiono...

Onde será que fui feliz?

Verdadeiramente feliz...

Sentimento esse que mistura mistério, com a interrogação constante ou a busca insana pelo desejo impossível.

Tantas palavras, segredos presos à alma, momentos e instantes que se somam, sem que o tempo pare, sem que nos seja permitido voltar atrás, e novamente pintar esse quadro que eternamente fará parte de nós...

Será o nosso infinito destino.

Essa palavra, felicidade, que estranhamente rima com saudade, lugar imenso mas distante, onde ao longe, num mirifico horizonte, o tempo se encarrega de embelezar a memória.

Por vezes fica um bater mais acelerado do coração, um respirar mais ofegante por entre uma errante lágrima, por outras vezes, apenas um solitário reencontro com a perdida alma que nos completa.

É tão difícil explicar à infeliz felicidade, felicidade presente, o quão feliz estou neste instante...

Ou o quão triste estarei, por o tempo insistir em não parar...

Não ter parado.

Por vezes seria imensamente belo, parar por segundos o presente, degustando cada cor, cada cheiro, cada pedaço de nós, misturado com o contentamento maior que nos sufoca...

Seria tão bom, pedir ao futuro que aguardasse por um momento, para regressando ao passado, beijar alguém ausente nesta viagem finita.

Tantas coisas boas...

A mão segura de minha Mãe, o seu cheiro, o seu ternurento olhar...

A voz austera mas aconchegante de meu Pai, perdendo-se por entre as infindáveis histórias, que ainda hoje me moldam.

As saudades que eu tenho dos natais, em casa de meus Pais.

A praia de Odeceixe, onde passei maravilhosas férias de verão, onde me apaixonei e sorri, chorei e fugi..

Odeceixe.

Tantas e tantas vezes, tantas e tantas pessoas, tantos e tantos momentos, entrelaçados com essa palavra dificil de decifrar...

Felicidade.

Uma música a tocar, o abraço de um amigo, o beijo da pessoa amada, o olhar escondido e reflectido no espelho, só teu...

Somente teu.

Tantas e tantas vezes pensei ser feliz...

Tantas e tantas vezes me esforço por recordar que fui feliz, nestes pedaços de história, que fazem parte de mim.

Tantas e tantas vezes fui feliz...

Mas sempre passou.

Viva o futuro...

 

 

 

Filipe Vaz Correia