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Caneca de Letras

Caneca de Letras

Barcelona: A Faixa De Gaza Catalã?

Filipe Vaz Correia, 17.10.19

 

Liguei a televisão e julguei estar a ver Jerusalém ou a Faixa de Gaza...

Jovens encapuçados atirando pedras, polícias investindo sobre a multidão, carros e ruas a arder num misto de inferno e turbilhão.

Afinal estava enganado...

Eram as ruas de Barcelona.

Quando aqui escrevi, no nascimento desta batalha com a declaração de Independência da Catalunha, deixei notar a ideia de uma calamidade política e administrativa em crescendo, uma gestão apocalíptica deste caso, por parte da Generalitat, assim como, da estrutura central Espanhola.

Na altura, Mariano Rajoy e Felipe VI...

Agora, Pedro Sanchez e o Rei Felipe VI.

Não posso esquecer a declaração de Felipe VI, logo após o nascimento desta polémica, uma declaração de força, imprópria de um Rei que deveria manter abertas as Pontes necessárias para unir o seu Reino.

Felipe VI optou por fazer voz grossa, aliás contrastando com a sua fraca figura “institucional”, queimando etapas e opções que lhe seriam úteis nesta encruzilhada.

Espanha vê a sua unidade colocada em causa, o enfraquecimento de uma das regiões mais prósperas da Nação, definhando, por entre, uma divisão cada vez mais evidente nesta sociedade Catalã.

Volto a olhar para estas imagens...

Para este cenário de Médio-Oriente que se impõe em pleno palco Europeu, numa visão intrinsecamente aterrorizadora de escolhas políticas erradas.

Uns dirão que somente este caminho sobrava, a condenação destes políticos por sedição, outros condenarão este acto “estúpido” que acentua a clivagem entre as partes...

Onde deverão estar todos de acordo, é na ausência de alguém que possa assumir a moderação em todo este processo.

Até porque o jovem Rei, há muito, que abdicou deste papel.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

Liverpool: Na Terra Dos Sonhos, You'll Never Walk Alone!

Filipe Vaz Correia, 07.05.19

 

O futebol é isto, este encantador e inebriante sentido de beleza desmedida, capaz de reflectir no olhar a esperança imensa de um querer, mesmo que pareça impossível de alcançar, inatingível forma de amor.

Ontem, em Anfielf Road, num pequeno espaço de 90 minutos o Inferno virou Céu e os Deuses vestiram-se de encarnado para celebrar o sonho de tantos que ali se apresentaram para acreditar no mais belo conto de fadas.

O Liverpool virou a eliminatória que lhe deu acesso à Final da Liga dos Campeões...

Sem Salah, sem Firmino, sem Keita.

Quem acreditaria?

Talvez somente Klopp e os seus rapazes, acompanhados por uma força indescritível vinda de cada recanto daquelas bancadas, de cada esquina daquela cidade...

Liverpool!

Como é belo o futebol...

Naquele relvado, o mago Argentino, Leonel Messi foi apenas mais um, a equipa do Barcelona foi apenas mais uma equipa, dando lugar a Wynaldum ou Origi, nessa senda estrelar que irradiou pelos céus da ilha Britânica, sem mais parar até irromper, por entre, todas as televisões, todas as vozes e relatos de rádio, todos os olhares estupefactos deste mundo futebolístico.

Parabéns rapazes de Liverpool...

You'll Never Walk Alone!

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

Onde Estará Carles Puigdemont?

Filipe Vaz Correia, 30.01.18

 

Esta Terça-Feira todos os olhos estarão postos no Parlamento Catalão, para a tomada de posse do novo Governo da Catalunha...

E uma pergunta se impõe:

Onde estará Carles Puigdemont?

As fronteiras estarão controladas, todos os carros vistoriados, todas as chegadas a aeroportos vigiadas...

Tudo está a fazer o Estado Espanhol e o seu Governo central para impedir qualquer possibilidade de uma surpresa Independentista, no entanto, independentemente de todos estas condicionantes, importa saber que decisão tomará o anterior Presidente da Generalitat.

Puigdemont, exilado em Bruxelas, está confrontado com a decisão judicial que o impede de tomar posse à distancia.

No meio de um turbilhão, que há muito consome a Catalunha, nesse impasse constrangedor, aumenta a esperança de uns, nervosismo de outros, para finalmente entender, até onde estará disposto a ir aquele que supostamente lidera a causa Independentista.

Se Puigdemont estiver presente ou for preso tentando comparecer a esta cerimónia, acredito que este facto acabará por legitimar a alma daqueles que sonham com uma Catalunha independente, martirizando nesse acto, o grito libertador de Milhões.

Caso Puigdemont permaneça em Bruxelas, aprisionado por entre recursos e explicações, julgo que esmorecerá a velha causa, num misto de cobardia que contrastará com aqueles que ficando em terras Catalãs, não temeram o cárcere, em nome de uma luta maior.

Por todas estas razões, razões estas alicerçadas na importância de tal momento, mais do que nunca, importará saber...

Onde estará Carlos Puigdemont?

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

Pep Vs Mourinho...

Filipe Vaz Correia, 09.11.17

 

Sempre detestei Pep Guardiola, o treinador, enquanto o jogador adorava, um dos melhores seis que vi na minha vida...

Guardiola não corria, deslizava, não passava, poetizava, não desarmava, gentilmente dançava como se de Nureyev se tratasse.

No entanto, a minha embirração com Guardiola começa naquele Super Barcelona, protegido por todos, imaculado de criticas ou reparos, que insistentemente me desesperava...

Mourinho chegara a Madrid e a batalha começara, a verdadeira batalha entre dois dos maiores jogadores, Messi e Ronaldo, entre dois dos melhores treinadores, Mourinho e Guardiola.

E o que fez Guardiola, na primeira vez que perdeu para Mourinho?

Fugiu...

E que desafio escolheu?

Bem, chamar o Bayern de Munique de desafio, é na verdade uma força de expressão, pois inevitavelmente ganharão 90% dos campeonatos que disputam.

É dessa cobardia que vem a minha irritação com Pep Guardiola...

Esse comodismo, que lhe permite um tiki-taka, enfadonho, sem contraditório.

No entanto, tudo mudou...

Guardiola voou para Manchester, para o City e eu disse a todos os meus amigos:

Agora vamos ver o que vale Pep!

Primeira época muito difícil, deixando antever um fracasso anunciado, um falhanço na primeira, verdadeira, aventura sem rede.

E não é que como um bom trapezista, Pep Guardiola, para minha imensa surpresa, inventa uma táctica, espécie de 5x3x2, libertando Silva e De Bruyne, nas costas de Aguero e do menino Gabriel de Jesus, solidificando os processos, libertando os génios enquanto os trabalhadores se entregam sem esmorecer.

Guardiola encontrou um compromisso entre o génio e o equilíbrio, num campeonato onde não existe tempo a perder e onde a cobrança não aguarda lugar...

Excepto no Arsenal.

Ao contrário de José Mourinho, Pep Guardiola não cristalizou e acabou por transformar um céptico, num crente...

Ou melhor:

Para mim, como adepto de futebol, Pep é o melhor.

Estou rendido.

 

Filipe Vaz Correia

 

 

Felipinho...

Filipe Vaz Correia, 05.10.17

 

O que se terá passado na mente de Felipe VI de Espanha?

Quem terá aconselhado o Rei para um discurso estranho, enviesadamente partidário, escolhendo ser mais um a acentuar as diferenças, quando poderia e deveria ser aquele que uniria, apaziguaria um conflito incompreensível...

O Rei de Espanha aparece tardiamente em cena, numa comunicação ao País carregada de ralhetes, de dedo em riste, acentuando a sua função correctiva, numa altura em que isso apenas contribui para um inflamar da situação.

Considero esta atitude de Felipe, desestabilizadora e pueril, talvez mesmo um erro Histórico, de percepção política, pois as posições já de si extremadas aconselhariam que nesta intervenção, o Rei fizesse valer a sua capacidade de mediar, de através do seu papel conseguir moderar os extremos que se opõem...

A figura do Rei, caso interviesse mais cedo ou tivesse outro tipo de discurso, ganharia certamente outro peso nesta disputa, mesmo entre aqueles que se encontram nas ruas de Barcelona, pedindo a Independência.

Felipe preferiu o caminho mais fácil, franzir o sobrolho, apontando e nomeando os desleais e desordeiros, excluindo-se assim, talvez sem se aperceber, do papel aglutinador que poderia e deveria ter.

Felipe consegue assim legitimar aqueles que em Madrid ou em qualquer parte de Espanha, destilam ódio contra os insurgentes Catalães, ao mesmo tempo que legitima, aos olhos dos que clamam pela Independência Catalã, a injustiça plasmada em cada palavra de um Rei que deveria ser de todos....

Mesmo daqueles que reclamam o direito a escolher, não o ter, como seu Rei.

 

 

 

Filipe Vaz Correia