07.08.19
Mais um massacre nos Estados Unidos, ou melhor, mais dois...
Parece que se repete esta tragédia, este entrelaçado terror que não cala, esta tortura que esventra a Sociedade Americana, num inexplicável caminho que se amarra aos tempos de um “belo” Western.
Adoro os Estados Unidos, foi aliás uma das viagens que mais gostei de fazer, sendo que a América que visitei, sei bem, está distante desta que aparece nos telejornais.
Estive entre Boston e Nova Iorque, há duas décadas atrás, numa viagem que me encantou e seduziu, apaixonou e arrebatou, sem hesitações.
A cultura universitária e cultural que se respira na “velha” Boston, a costa Atlântica entre Cape Cod, Newport e Hamptons, num deslumbrante caminho até a Big Apple...
Ali no meio de cheiros e luz, de gente e fumo, cresce e respira a multicularidade, o constante rebuliço de mentalidades que se cruzam e acrescentam, àquele lugar, a magia que jamais imaginei.
Neste dia onde se vê e sente a brutalidade de mais massacres, fica claro que esta América caminha em dois carris diferentes, com mentalidades diferentes, com valores diferentes.
Se dependesse desta América que me apaixonou, há muito que a lei das armas havia sido alterada, provavelmente extinta, em contraposição com este lado, Texano, onde ainda se acredita na força do tiro, na determinação bélica do tempo dos cowboys.
Donald Trump já veio defender a punição daqueles que cometeram tamanho horror, mas sem a força ou a credibilidade que não lhe foi conferida pelo teleponto, onde moravam ou pareciam morar as descrentes palavras.
O discurso de Ódio, bem denunciado por Obama e tantas vezes feito por Trump, não pode ser o responsável por esta ou outras barbáries desta dimensão mas verdadeiramente contribui para a banalização de vários sentimentos pequenos, tacanhos e discriminatórios que se encontram em momentos como este.
Eu adoro os Estados Unidos, continuo a gostar, mas sei bem que a América que visitei e me entrelaçou, está nas antípodas desta que aparece na capa dos jornais.
Duas caras, por entre, o Sonho e o Pesadelo Americano.
Filipe Vaz Correia