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Caneca de Letras

Caneca de Letras

América: As Duas Caras De Uma Nação!

Filipe Vaz Correia, 07.08.19

 

Mais um massacre nos Estados Unidos, ou melhor, mais dois...

Parece que se repete esta tragédia, este entrelaçado terror que não cala, esta tortura que esventra a Sociedade Americana, num inexplicável caminho que se amarra aos tempos de um “belo” Western.

Adoro os Estados Unidos, foi aliás uma das viagens que mais gostei de fazer, sendo que a América que visitei, sei bem, está distante desta que aparece nos telejornais.

Estive entre Boston e Nova Iorque, há duas décadas atrás, numa viagem que me encantou e seduziu, apaixonou e arrebatou, sem hesitações.

A  cultura universitária e cultural que se respira na “velha” Boston, a costa Atlântica entre Cape Cod, Newport e Hamptons, num deslumbrante caminho até a Big Apple...

Ali no meio de cheiros e luz, de gente e fumo, cresce e respira a multicularidade, o constante rebuliço de mentalidades que se cruzam e acrescentam, àquele lugar, a magia que jamais imaginei.

Neste dia onde se vê e sente a brutalidade de mais massacres, fica claro que esta América caminha em dois carris diferentes, com mentalidades diferentes, com valores diferentes.

Se dependesse desta América que me apaixonou, há muito que a lei das armas havia sido alterada, provavelmente extinta, em contraposição com este lado, Texano, onde ainda se acredita na força do tiro, na determinação bélica do tempo dos cowboys.

Donald Trump já veio defender a punição daqueles que cometeram tamanho horror, mas sem a força ou a credibilidade que não lhe foi conferida pelo teleponto, onde moravam ou pareciam morar as descrentes palavras.

O discurso de Ódio, bem denunciado por Obama e tantas vezes feito por Trump, não pode ser o responsável por esta ou outras barbáries desta dimensão mas verdadeiramente contribui para a banalização de vários sentimentos pequenos, tacanhos e discriminatórios que se encontram em momentos como este.

Eu adoro os Estados Unidos, continuo a gostar, mas sei bem que a América que visitei e me entrelaçou, está nas antípodas desta que aparece na capa dos jornais.

Duas caras, por entre, o Sonho e o Pesadelo Americano.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

Donald Trump: 100 Dias Depois...

Filipe Vaz Correia, 29.04.17

 

E já se passaram 100 dias desde que Donald Trump foi eleito Presidente dos Estados Unidos...

Dias carregados de comédia, pincelados com algum drama, inerente à imagem abrutalhada desta nova administração.

As promessas feitas em campanha, tornaram-se difíceis de concretizar, as palavras fortes ficaram-se por tweets desajeitados, ao sabor do humor de cada dia...

Numa recente entrevista à Reuters, Trump admitiu que tem saudades da sua anterior vida, antes da Casa Branca...

Parece que o mundo, também tem saudades desse tempo.

Disse ainda o actual Presidente Americano, que achava que seria mais fácil exercer o cargo...

A sério?

Estas afirmações revelam-nos a impreparação deste homem para o exercício do cargo Presidencial, mas também a espécie de reality show em que se transformou o mais importante lugar do mundo.

Assim se poderá compreender como não conseguiu substituir o Obamacare, algo que se comprometeu a fazer nos dias seguintes a tomar posse, ou porque razão em 100 dias escreveu quase mil tweets na sua conta, à ordem de quase 10 por dia, ou até o motivo pelo qual o desempenho económico Americano, tenha retrocedido para níveis não vistos nos últimos três anos.

O grandes feitos de Trump são bélicos, como por exemplo, ter lançado a Mãe de todas as bombas no Afeganistão, ter ordenado um ataque ao Iraque, perdão Síria, enquanto comia um bolo de chocolate, ou a tensão emergente com o Governo da Coreia do Norte.

E passados 100 dias, atormentados pela instabilidade psicológica do actual Presidente Americano veremos até onde poderá chegar o confronto entre as promessas e a realidade de Donald Trump...

Para bem de todos, que a realidade possa superar as impreparadas promessas eleitorais.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

 

 

 

 

O Micro-Ondas Da Trump Tower!

Filipe Vaz Correia, 14.03.17

 

O mundo delirante em que vive a administração Trump, já não surpreende ninguém, nem Republicanos ou Democratas, Americanos ou Estrangeiros, julgo mesmo que nem a eles próprios...

No entanto nestas últimas semanas temos assistido ao ridículo absoluto, como este novo facto alternativo de que o anterior Presidente, Barack Obama, teria posto sob escuta a Trump Tower, para poder espiar os passos da campanha de Donald Trump.

Seria gravíssimo, caso existissem provas que o  pudessem comprovar, tão estúpido movimento de Obama, pondo em causa toda a credibilidade granjeada ao longo dos oito anos em que presidiu aos destinos daquele país.

No entanto, a gravidade existente neste caso é apenas, e digo apenas, porque começa a ser habitual, a duvidosa incapacidade psíquica não só do actual Presidente Trump, como mesmo da equipa que o acompanha...

Para acrescentar ridicularidade a esta cena caricata, as palavras de Kellyanne Conway, que afirmou, no programa Good Morning America, não existir de facto provas para estas penosas insinuações, mas que não seria estranho que escutas pudessem estar montadas, por exemplo no micro-ondas...

Sim...

No Micro-ondas!

Bem, estamos de facto perante uma realidade alternativa, numa viagem alucinante pelos delírios desta administração, que se torna cada vez mais, numa espécie de comédia quotidiana, alimentada por alguns média de duvidosa credibilidade, mas que verdadeiramente ameaça desestabilizar, todas as estruturas cimentadas ao longo de décadas, naquela que é para muitos, a maior e mais importante democracia mundial.

Num tempo em que surgem pequenos populistas ou déspotas, eleitos ou em campanhas demagógicas, como por exemplo o Presidente Turco Reçep Erdogan, nunca será demais pensar, como se torna frágil para o mundo Ocidental, ter este tipo de liderança, num imenso país como os Estados Unidos.

Preocupações à parte, fui imediatamente ligar o meu micro-ondas, aquecer uma bela feijoada, na expectativa de perceber se por alguma razão, alguém poderia estar interessado em me escutar...

Mas a feijoada aqueceu, o micro-ondas parou, e nada.

Mas se por acaso eu fosse o Sócrates, temeria usar o micro-ondas, pois nunca se sabe como e quando podemos estar a ser escutados.

Enfim e assim continua a cómica caminhada, deste novo tempo, feito de factos que para além de alternativos, começam a ser apenas estúpidos.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

América: Uma Vírgula na História...

Filipe Vaz Correia, 21.01.17

 

Aqui estávamos nós, perante o dia da tomada de posse de Donald J. Trump, como o 45º Presidente dos Estados Unidos da América.

Um dia que acabou por ser o que muitos esperavam, uma cerimónia triste, esvaziada de uma certa esperança que sempre acompanha estes momentos, com faces meio embaraçadas e com o povo longe de encher aqueles jardins e ruas diante do Capitólio.

Trump não desiludiu, com um discurso esvaziado de ideias, repetitivo, odioso, fracturante, populista, provocando em muitos momentos, um silêncio constrangedor, mesmo entre aqueles que ali o apoiavam. 

Com um estilo arruaceiro, de punho erguido qual Hugo Chavez ou Fidel, Trump continua a atacar tudo e todos, tal e qual como na campanha eleitoral, desde Washington até à China, das fronteiras até à globalização, da imprensa até à Nato.

Assim, o senhor que se segue na Casa Branca continuará a coleccionar inimigos, externos e internos, o que lhe provocará, estou certo, valentes dissabores durante este mandato presidencial.

Enquanto esperava com tristeza e até estupefação, pelos comentários às fraquíssimas palavras de um Presidente cowboy, uma janela se abria no canto do meu televisor, com uma notícia de última hora, chegada da base militar de Andrews:

Barack Obama, falaria uma vez mais, antes de entrar no Air Force One.

Nunca havia sido feito...

Nunca um Presidente cessante, teve a ousadia de fazer uma conferência de imprensa enquanto o seu sucessor ainda assinava os primeiros papéis no Capitólio.

Obama fez e fez muitíssimo bem.

Em apenas oito minutos, voltou a trazer dignidade à função, a recuperar a esperança num olhar, num aceno, nas palavras...

"Uma vírgula, não um ponto final!"

Obama terá um papel importante no futuro dos Estados Unidos, na construção de um caminho que possa resgatar os valores e princípios Americanos.

A ignorância e a boçalidade tão visíveis em Trump, contrastam com a eloquência, a cultura, a imensa capacidade de nos prender com as palavras de Obama.

Por isso acredito que a América saberá contornar esta vírgula no papel, pois a história Americana não merece tamanha injustiça.

 

Filipe Vaz Correia 

Donald Trump: Um Remake de "Nós os Ricos"...

Filipe Vaz Correia, 20.01.17

 

Antes de mais queria pedir desculpa a todo o elenco desta série portuguesa, especialmente ao Fernando Mendes, Rosa do Canto e Carlos Areias, mas não posso deixar de escrever sobre as semelhanças entre a ficção nacional e a triste realidade Americana.

Quando hoje me preparava para escrever no Caneca, pensava como poderia abordar este momento tão marcante para os USA e para o mundo e tantas ideias me assolaram a mente, num misto de saudade e susto perante este passado ainda presente e o futuro que se aproxima...

No entanto, sentado diante da minha televisão, vendo as muitas reportagens que circulam pelos canais de informação sobre o Sr. Trump, não pude deixar de ter esta visão que me fez regressar à minha infância:

Os salões de casa de Mr. Trump, na Trump Tower em Nova Iorque.

Admito que me feriu o olhar, pouco preparado para tamanhos dourados, tamanhos cristais, tamanha ostentação bacoca.

Por momentos pensei estar ali, naqueles episódios de "Nós os Ricos".

Será que Donald Trump se terá inspirado nesta série portuguesa para decorar os seus salões?

Ou qual Luis XIV, tentou transformar aquele espaço numa espécie de Galeria dos Espelhos, do Palácio de Versailles?

Em qualquer dos casos isso dirá muito do dito senhor, pois no primeiro exemplo tentava-se ridicularizar precisamente este género de bimbos ou labregos, como preferirem, e no segundo a Galeria dos Espelhos só faz sentido no local onde foi construída...

O Palácio de Versailles.

Fora destes casos este cenário torna-se parte integrante da personagem que o ostenta e descreve na perfeição a personalidade do mesmo.

Trump é isso mesmo, um pequeno pedaço de intelecto, forrado a dourado e repetindo vezes sem conta as banalidades odiosas que pensa lhe poder assegurar a tão preciosa popularidade...

Por isso mesmo é tão perigoso para todos nós, que alguém assim, seja Presidente dos Estados Unidos da América do Norte...

Para nós e para o mundo.

Assim, perdido entre as repetições reluzentes daquele cenário de tão mau gosto, uma dúvida me atormenta e persegue:

Se Marcelo Rebelo de Sousa é o Obama português, como muitos escrevem, será que estaremos destinados a ter nas próximas eleições, Fernando Mendes como Presidente da República?

Bem, vou mudar de canal para ver se os Simpsons me poderão responder a esta curiosidade, esperando verdadeiramente, que o Homer tenha piedade de nós.

 

Filipe Vaz Correia