25.02.17
Era uma vez uma menina, que sonhava poder voar, repetindo nos seus sonhos, essa crença a soletrar, através das palavras que cresciam alegremente no olhar, cada vez, que via aquele recital...
Todas as noites ao adormecer, fechava os seus olhos, esperando poder sentir esse vento a chegar, como os pássaros, esvoaçando sem fugir, desse destino que tanto ambicionava.
Noite após noite, intocáveis pensamentos, que tomavam conta desses desejos impossíveis, difíceis de realizar...
No seu olhar encantado, uma esperança que não cabia dentro da sua alma, alvoraçando inquieta as angústias insistentes, guardadas secretamente, na expressão daquela imagem, sempre presente.
Tantos anos se passaram, desde que aquela menina, com os braços abertos, julgava poder cobrir os céus, na imensidão da sua dor, que alimentava os sonhos imaginados...
E nesse dia, naquela história, no cimo daquele palco, em cima daquelas tábuas de madeira, o passado regressava, para se fundir com o seu coração.
Abriam-se finalmente as cortinas, deparava-se com aqueles olhares indiscretos, das gentes sentadas, naquele teatro lotado da sua infância...
E ali de pé, com aquela música como pano de fundo, abria novamente os seus braços, a menina, agora mulher, saltando eternamente diante do infinito, enquanto abraçava esse destino, que tanto desejara tocar.
Voando por entre as nuvens e os desejos da sua terna infância, encontrava-se submersa, no imenso contentamento da sua alma.
E assim, uma bailarina, menina, mulher, ganhava naquele momento, naquela vontade, as asas com que sempre sonhara...
Bravo!
Filipe Vaz Correia