28.12.16
Uma criança morta;
Estendida numa qualquer praia,
Sem vida, desperdiçada,
Numa gigantesca vaia...
Morreu a Humanidade;
Este mundo absurdo,
De preconceitos, inverdades,
Num imenso grito surdo...
Sem sentido, cruel;
Destino malfadado,
Que repete com fel,
Um horror já passado...
Revivo tempos de outrora;
Histórias que julgava perdidas,
Sentimentos, sofrimentos,
Dores e feridas...
Como podem tentar fugir?
Povo, pessoas, miséria,
Criaturas a partir,
Sem saberem para onde ir...
Causa dor tamanha loucura;
Indiferença, arrogância, desprezo,
Nesta imensa tortura,
Essa roda dos desafortunados...
Despido, desprotegido, morto;
Longe dos seus, desacompanhado,
Nem na morte foste feliz,
Ó pequeno refugiado...
Porque deste nome não vais escapar;
Pois o que sofreste, já não importa,
O que andaste a penar,
Ó criança morta.
Refugiado, sofredor;
Imagem que ninguém quer ver,
Recordando uma dor,
Que todos desejam esquecer...
Assim ao mundo vieste chocar;
Trazendo espanto, mágoa e indignação,
Só não sei quanto tempo irá durar,
Até à próxima repetição...
Ó pequeno Aylan;
Podias ser meu filho!