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Caneca de Letras

29.07.20

 

 

 

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Nesta Segunda-Feira fui a uma repartição de Finanças, com a devida marcação para as 11 horas.

À porta um aglomerado de pessoas, gente que ali se encontrava, uns novos, outros velhos e outros assim assim...

Estou nesta última categoria.

Por incrível que possa parecer assisti a um momento absolutamente surreal, com uma "cavalgadura" a dar o seu espectáculo de boçalidade.

Um dos funcionários que vinha à porta chamar as pessoas, com um semblante carregado e pejado de uma gritante arrogância, ia destilando a sua ignorante empáfia.

Destratou uma Senhora que ali se encontrava para ser atendida, o que me deixou logo de cabelos em pé, depois foi a vez de dois indivíduos, Indianos ou Paquistaneses, e depois chegou a minha vez...

A minha vez de ser destratado.

Como tinha a marcação para as 11 horas, já passavam quase 30 minutos para lá dessa hora, resolvi questionar o dito "senhor" sobre esse facto...

Com um total desprezo me perguntou em que nome estava feita a marcação, algo que prontamente esclareci, para em seguida me advertir que nada constava dos seus papelinhos.

- Não tenho marcação? Questionei.

- Como assim? Insisti.

- Não tem nada marcado! - Tem de voltar a marcar e vir noutro dia! Retorquiu a besta quadrada sem sequer olhar para mim.

Claro está que me irritei, segurei a porta e expliquei com alguma paciência que não lhe admitia que me falasse naquele tom e muito menos com a arrogância bacoca com que estava a tratar toda a gente.

Ao insistir que tinha feito a marcação e pedir a sua identificação, aquela "cavalgadura" fechou a porta de vidro com toda a força para estupefacção de todos os que ali se encontravam, as pessoas do lado de fora e os colegas do lado de dentro.

Diante deste tipo de "gentuça" ressabiada, insurgi-me veementemente, vociferando que dali não sairia até ser atendido, explicando que aquela atitude era digna de um animal.

Admito que poderá ter saído de minha boca a palavra, Cavalo, e por isso quero me retratar diante de todos os Cavalos que possam ficar ofendidos com a absurda comparação...

Em especial a Incitatus e Bucéfalo, dois exemplares de excelência da nossa História.

Passado pouco tempo veio à porta uma senhora que me pediu para entrar, pedindo de imediato desculpa, explicando que me iria atender logo a seguir...

O Cavalo saiu, entretanto, bufando e gesticulando rua a fora.

Lá fui recebido, tratada a questão, com a simpatia da Senhora Dona Isabel, queridíssima, de uma competência exemplar.

Acompanharam-me à porta, a SRª Dª Isabel e um outro senhor que lá trabalha, pedindo uma vez mais desculpa pelo acontecimento, enquanto eu explicava que eles nada tinham a ver com a "cavalgadura" em questão.

Quando me estou a despedir, à entrada da porta, aparece a dita besta diante de mim...

E nesse instante, aproveitei para voltar a agradecer a simpatia e atenção daqueles funcionários, explicando à Srª Dª Isabel uma frase que a minha querida Mãe me havia ensinado deste a tenra infância:

- O Berço faz muita diferença!

Rematei:

- E a Srª Dª Isabel, ao contrário de alguns, tem!

Assim me despedi desta aventura, deixando para trás pessoas atenciosas, querendo ajudar a resolver a vida dos cidadãos, aliás é para isso que são pagos, entrelaçadas a um boçal que destila ódio e frustração.

De uma coisa fiquei certo...

Aquela cavalgadura, com um pedaço de poder e uma arma na mão, teria morto dois ou três sem qualquer problema.

Importa perceber a quem damos poder, mesmo que pequeno, pois alguns apenas o absorvem para sentir um pouco de adrenalina nas suas vidas frustradas.

Assim foi uma Aventura nas Finanças, por entre, uma Cavalgadura e pessoas de bem.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

 

 

14.07.20

 

 

 

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Escrever, escrever, escrever, regurgitar o que na alma vai, minha, tua, das tamanhas solidões que se desencontram nas ruas, despidas e cruas, para sempre caladas por entre as cerradas janelas da vida. Nada pode ser mais sentido do que esse vazio colectivo, o sentir superficial do demasiado, sem que nada seja completo, intensamente fechado num ciclo bastante, agonizante e turbulento. Um quadro esborratado de todas as cores, tamanhas, misturadas na complexidão do exaustivamente quantitativo, sem que dele transborde nada, sumo, sequência. A exactidão perfeita da imperfeição, fraca e incompleta, que se afigura de somenos. Esse foi sempre o medo maior... a ausente sensação de sentir. Desse mal não sofro, sendo que de tantos outros me confesso, na exacta precisão de minhas fraquezas, diminuídas formas de querença. Respiro intensamente, de forma primeira e inteira, como se fosse ela a derradeira, tudo de uma vez. Caminho seguro na beira do passeio, equilibrando os sentidos, na beira desse abismo que me consome. Caio ou não caio... não importa, pouco importa, desde que vivido por dentro, pulsando a alma nessa confusa mistura de tempos. Para tantos o caminho se faz caminhando, trilhando espaços e palcos, pincelados uma e outra vez, numa repetida "História" de encantar. Porque não? Ou... Porque sim? Sei lá. O quadro vazio, demasiadamente vazio oferece sempre a oportunidade de nova imagem, novo desenho, novo e intenso sonhar... num novo dia, num novo querer que por vezes magoa, até esventra se o ardor for tamanho, mas sempre permitirá sentir de forma única, como se aquele sentimento fosse intemporalmente verdadeiro... verdadeiramente intemporal. E isso é que torna  belo o Olimpo. Nem todos o saberão, nem mesmo aqueles que o julgam saber, por vezes, talvez acreditem se recordar, mas nas asas das nuvens, desse Olimpo de poucos, sobrará, longuiquamente, pedaços de sorrisos, desfeitos, daqueles que ousaram tentar. Despojos ardentes de dores e feridas, de tantos... nesse caminho imperfeito ousarei continuar a buscar essa perfeição perdida no templo de Zeus.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

 

14.09.19

 

São contraditórias as palavras;

Meio enraizadas,

Nessa expressão maior,

Misturada dor,

Que se entrelaça na ardente expiação,

Dessa pequena emoção,

Outrora ferida,

E que agora se transformou em recordação perdida,

De uma desassossegada alma.

 

Já não grita a amargura;

Nem a desventurada desdita,

Essa amargurada aventura,

Perdidamente descrita,

Por entre letras soletradas,

Palavras inacabadas,

Momentos infinitos...

 

Um dia voarei;

De asas abertas,

Rumo a esse horizonte,

Que perpetuamente desnudado,

Se definirá como eterno,

Eternamente melodioso...

 

Melodiosamente único.

 

 

01.11.17

 

Um ano depois...

Precisamente há um ano, comecei esta aventura a que chamei de Caneca de Letras, um pedaço de mim em forma de blog, mistura de opiniões e desabafos, de contos e poemas, de lágrimas e alma.

Um ano de linhas e palavras, post diários, quase sem falhas, sem obrigação apenas dedicação, vontade intrínseca ou compulsiva de escrever e partilhar.

Escrever é uma parte significativa de mim, uma espécie de lado lunar da alma, de bater descompassado do pensamento.

Comecei a medo, sem saber como fazer ou o que escrever...

Em primeiro lugar, quero agradecer a toda a equipa do Sapo, pelo carinho e atenção que sempre deles senti, pelos destaques, pela experiência única de me sentir apreciado, acarinhado.

Ao longo deste ano, muitas foram as pessoas que marcaram este espaço, muitas aquelas que não conhecendo as senti como minhas...

O primeiro favorito, Does a Name Matter, os primeiros comentários da minha querida Roxie, do meu querido Anjinho ou do sempre presente Anónimo em Lisboa. 

O tempo passou e a família do Caneca de Letras foi crescendo, foram chegando novas pessoas, refrescantes opiniões, repetidas visitas:

O Último Fecha a Porta, Robinson Kanes, Ventania, A Desconhecida, Mami, Cheia, Beia Folques, A Rapariga Do Autocarro, Sérgio Ambrósio, David Marinho, MJ, Andreia, Terminatora, A Lady, Travellight World, Pedro Rodrigues, Malik e tantos outros.

Um ano de encontros e reencontros, de gentes e gestos, de memórias e desejos.

Sempre guardei para mim o que me ditava a alma, envergonhada maneira de me expressar...

Ao expor a minha escrita nesta Caneca, acabei por desnudar essa vergonha que asfixiava a minha inquieta vontade de dar asas à imaginação.

Um ano...

Um ano de amizade, velhos reencontros, histórias perdidas, pedaços de vidas que já me havia esquecido.

Um agradecimento especial  a um dos meus mais fiéis leitores:

O meu Tio Jaime.

Por fim, mas certamente a parte mais importante, agradecer a infinita paciência da minha querida mulher, que vezes sem conta, ouve atentamente poesias ou prosas, antes de as publicar...

Repetidamente, vezes sem conta.

Obrigado a todos e que venha mais um ano desta Caneca, impregnada de sonhos e Letras.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

03.01.17

 

Vejo agora, as faces da minha meninice;

O olhar, a ternura, a expressão,

O cantinho de cada traquinice,

Própria de um livre coração...

 

Nada me escurecia a alma;

Esplendorosa parecia a minha mente,

Pois apenas o carinho e a calma,

Recebi desde o ventre...

 

Lugar esse que busquei toda a vida;

Por preguiça ou segurança,

Mas sempre de forma sentida,

Sentindo essa perdida esperança...

 

O menino de sua mãe;

Perdeu o seu abrigo,

Escapou-lhe aquela lágrima,

Sobrou-lhe o medo antigo...

 

Ninguém poderá pedir;

Que o meu coração pare de chorar,

E que deixe de sentir,

A falta do teu lugar...

 

Todas as noites olho para o céu;

À procura de um sinal,

Que por detrás daquele véu,

Descubra um teu postal...

 

Que perdido me senti;

Ao ver-te desaparecer,

Restando-me te descrever,

Até esse dia em que morrer...

 

Assim irei continuar;

Poema atrás de poema,

A celebrar o teu amar,

A decifrar o teu teorema...

 

Obrigado com ternura;

É o que sempre te irei dizer,

Por me guiares nesta aventura,

Que sem ti, é viver!

 

01.11.16

Era uma vez um blog, chamado Caneca de letras...

Uma vontade imensa de escrever, de soltar a minha alma na ponta da minha caneta...

Ou melhor, do meu teclado.

Este blog falará de poesia, prosa, pequenos contos ou aventuras, crónicas e opiniões, sobre qualquer tema que entenda pertinente.

Não terá limites ou barreiras, tentando chegar a todos aqueles que comigo partilhem este espaço.

Será um espelho dos meus anseios, dúvidas, reflexões mas também daqueles que comigo se cruzam nesta caminhada chamada vida e que de uma maneira ou de outra, acabam polvilhando a minha imaginação, a minha curiosidade.

Espero que em algum momento possa surpreender quem aqui chegue, alcançando com as minhas palavras um pedaço de vós.

Obrigado.

Filipe Vaz Correia

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