02.06.20
"Nenhuma outra imagem nos poderia representar tão bem"
Minha querida Mãe, mais um dia 2 de Junho longe de ti, não tão perto, nesta década que se completa onde a tua partida vai sussurrando essas saudades que se eternizam.
Palavras soltas que nos ligam, num amor sempre presente, nunca menor, intensamente marcado em nosso olhar.
Incondicional, incondicionalmente marcado nesse cordão umbilical nunca cortado, no toque das mãos, no colo presente, na voz que acalmava a minha desmedida rebeldia.
Nesse conforto aconchegante me senti em casa, nos teus braços, no regaço cantado por ti em meus imberbes dias, em todos os momentos, tão nossos...
As saudades que me invadem, todos os dias, não diminuem essa falta que sempre saltará de mim, em cada partilhar de recordação de minha alma.
Farias 85 anos...
Como estou mais velho querida Mãe, sendo que ao espelho, nesse espelho da memória, ainda se encontra o teu menino, esse que vias independentemente da idade.
Essa sensação de musicalidade na expressão, sempre buscando um caminho que me permitisse o sorriso, mesmo que nele contido pouco siso, mesmo que o mundo voasse em sentido contrário.
Foste tu que me ensinaste a amar, a sentir sem receio cada parte intensa de mim mesmo, sabendo que nesse pequeno eterno instante se poderia extinguir a imortalidade.
Um dia chegou...
A tua partida chegou e o céu se cobriu de cinzento, o mar revolto se acalmou, a brisa deu lugar a esse nada que se instalou.
Meu amor...
Parabéns.
Olharei para os teus retratos espalhados em minha casa e neles buscarei, como faço sempre, esse sorriso que tantas vezes me resgatou de tristezas, de contraditórias inquietações, desse caminhar da vida carregada de ilusões.
Obrigado por tudo...
Amor de minha vida.
Filipe Vaz Correia