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Caneca de Letras

Caneca de Letras

Adeus Amigo: Uma Forma De Amor…

Filipe Vaz Correia, 26.10.22

 

 

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No dia 21 de Outubro fez 26 anos que perdi o meu maior amigo de infância, aquele que me ajudou a moldar desde a mais tenra idade.

O Luís partiu depois de 3 anos inenarráveis numa luta árdua e corajosa contra um cancro, na espinhosa caminhada de um adolescente que se debatia contra o "non sense" de um tão brutal destino.

O tempo passou tão depressa e de forma tão imensa que por vezes nem sei o que escrever, não sei rabiscar em letras ou palavras o que me dita o sentir, essa ausência tão esmagadora que se transformou em silêncio, esse esquecer que insisto em recordar.

Tento recordar o seu rosto a cada dia, tento memorizar cada história a cada instante, tento imaginar o inimaginável sempre que a cada tropeço me recordo...

Sei bem o que representava para ele, o quanto ele gostava de mim, nesse fraterno amor que nos ligou, buscando tantas vezes na fraqueza dessa saudade um sentido para tão precoce partida.

O Luís era leal e corajoso, o mais corajoso que conheci, era destemido e alegre, era gigante...

Gigante no ser, na querença, na destemida forma como viveu até ao instante derradeiro, na singela presença do seu olhar.

Pouco tempo antes de morrer foi beber café comigo ao antigo centro Roma, quando provavelmente pesaria uns 40 quilos, contrariando o que todos achariam aceitável, ou seja, que ficasse no recato de sua casa, debilitado recebendo um amigo de sempre...

Mas isso não seria o Luís.

Montou-se na sua BWS, percorreu o curto caminho entre a sua casa na Frei Amador Arrais e o Centro Roma e ali nos encontrámos, para o último café, o nosso momento de despedida.

Se eu soubesse...

Acho que nunca lhe disse o quanto gostava dele, não que ele não o soubesse, mas de forma aberta, sem amarras ou subtilezas, num sincero e simples:

Amo-te meu irmão!

Chorei imenso nesse dia 21 de Outubro de 1996, desabei no recato de meu quarto, depois de falar por telefone com sua mãe que me deu a triste notícia...

Hoje 26 anos passados escrevo estas linhas para que se avive a memória, para lhe prestar um tributo de mim para ele, guardando comigo essa espécie de tradição de em prosa ou verso sublinhar nesta Caneca o quão privilegiado fui por um dia se ter cruzado em meu caminho esse amigo de uma vida.

Enquanto for possível escrevinhar aqui estarei para gritar com todas as palavras a saudade que sinto e o amor que sempre senti por ti.

Até sempre meu irmão.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

 

 

Saudades de um Amigo

Filipe Vaz Correia, 06.01.22

 

 

 

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Aprendi ao longo da vida que esta é um sopro, uma leve brisa de vento que nos amarra e liberta, deixando somente um rasto do que de bom por nós passou.

Em 6 de Janeiro de 1978 nasceu uma das pessoas mais importantes da minha vida, alguém que marcaria todos os dias e vastas memórias desde que nos cruzámos.

O Luís Miguel foi o meu melhor amigo, da tenra infância até ao inicio da juventude, altura em que infelizmente nos deixou...

O Luís foi a pessoa mais corajosa que conheci em toda a minha vida, um amigo leal e fraterno, o mais leal de todos, percorrendo um caminho carregado de pedras nos últimos anos de sua vida, com uma bravura que ainda recordo com o mesmo espanto que naqueles momentos admirava.

O cancro nunca o derrotou, apenas morreu com ele, nunca o quebrou mesmo que o tivesse levado à exaustão, nunca o tornou menor mesmo que por instantes o ensombrasse.

O meu amigo Luís  viveu a vida plena com o curto tempo que teve, sorriu e chorou sempre lutando, levantando-se repetidamente para mais um dia com a enorme força que só os bravos podem demonstrar.

Desde os 10 anos que fomos como irmãos, desde esse momento até aos dias de hoje busco nele e no seu olhar a inspiração para tantas coisas que por vezes nem consigo descrever, mantendo na memória cada abraço, cada olhar, cada palavra.

Faria hoje 44 anos, partiu há 26 anos...

Meu querido Luís só podias ter nascido no dia de Reis, alguém especial que me deu a honra de poder contar como amigo, como irmão.

Até sempre, deste que te ama...

Pipo.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

25 Anos Depois… É Possível Sentir Saudades?

Filipe Vaz Correia, 21.10.21

 

 

 

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25 anos!

Assim de forma crua se desnuda essa verdade que esmaga e corrói, acelera o tempo e compassa a saudade.

Faz hoje 25 anos que morreu uma das pessoas que mais amei em minha vida, um amigo de mão cheia, alguém que marcaria em dez anos cada pedaço de minha alma.

O Luís era corajoso e desbravado, o mais corajoso de todos nós...

Não pelo singelo murro numa briga ou pela força que o poderia caracterizar, nesse aspecto tanto o Nuno Pereira Campos ou eu éramos mais adequados para a função mas pelo que a vida nos obrigou a ver, nesse significado de  coragem através de uma realidade que aquele menino de 16 anos teve de confrontar.

Guardo a primeira conversa que tivemos sobre esse maldito cancro que te perseguia...

Guardo o teu olhar, o meu tremor, o nosso abraço, esse pequeno instante que se tornou eterno.

Guardo a minha espera à porta do Curry Cabral para ganhar coragem para entrar naquele famigerado quarto onde lutavas tão bravamente...

E era eu que precisava de coragem?

Guardo cada silêncio que nos chegava, era o nosso mundo, cada vez que após uma sessão de quimioterapia te punhas a caminho, na tua BWS, para vir almoçar comigo ao Dom Pasolini em Picoas.

"Meu querido amigo!"

Guardo o olhar de minha Mãe no dia em que partiste, assim como as lágrimas de meu Pai.

Guardo a última vez que estivemos juntos...

Sendo que imaginar a tua morte seria para mim impossível, no intimo sabia aquilo que lutava para desvalorizar, acreditando que a maldita doença jamais te iria vencer.

Sempre a teu lado nesse campo de batalha acreditando que a nossa esperança seria a única verdade possível.

Perdemos.

Tenho saudades tuas, mesmo 25 anos depois, tenho saudades do tempo em que era possível pegar no telefone e ligar, ouvir a tua voz e desabafar, acreditar e sonhar num futuro carregado de ilusão.

Meu querido Luís Miguel sou hoje um homem com mais dúvidas do que certezas, com mais receios do que bravuras, com mais saudades e poemas, porém nesse viajar que se tornou esta vida, este continuar de dias e noites, tenho como certo que o nosso encontro, naquela sala de aula, pequenos e traquinas, se tornou num dos mais importantes momentos de minha vida.

Sem ti não tinha feito nenhum sentido.

Até um dia, numa outra vida, daqui a muitos anos...

Com amizade; do sempre teu,

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

 

As Saudades De Um Amigo...

Filipe Vaz Correia, 06.01.21

 

 

 

Meu querido amigo, muitos parabéns neste dia, pelos 42 anos que ficaram por cumprir...

Assim como ficaram os 20, os 30,  tantos e tantos sonhos, guardados em ti.

Neste dia de Reis, recordo muitos dos dias que passámos juntos, muito dos sorrisos que partilhámos, das traquinices que inventámos, da lealdade constante entre nós.

Se pudesse descrever a nossa amizade numa palavra, talvez esta fosse a mais apropriada, a que mais nos caracterize...

Lealdade.

Sempre juntos, sinceros, ligados.

Tanta coisa nos separava à partida, tantos nos ligou sem sabermos...

Às vezes penso se teríamos sido amigos, sem aquela cena de pancadaria que nos levou ao gabinete da Professora Jesuína, directora do colégio e daquela casmurrice, que tão bem nos define, de cada um querer assumir as culpas do outro.

Inimigos até aquele dia, siameses a partir daí.

Tínhamos 10 anos, 10 jovens anos.

Desde esse dia e até hoje, repito hoje, em momento algum ficaste longe do meu pensamento, meu amigo, longe deste coração que sempre te pertencerá.

Mesmo naqueles dias difíceis, enevoados por entre as sessões de quimioterapia, a que foste sujeito, mesmo nesses dias, não esqueço a nobreza com que enfrentavas a realidade, a esperança que brilhava no teu desbravado olhar...

No teu leal olhar.

Daqui, nesta carta, amigo de uma vida, fica o meu grito de parabéns, onde quer que estejas, onde quer que vás, para onde quer que foste.

Daqui, com o tremendo sentimento desta eterna amizade, fica silenciosamente, o imenso obrigado, por um dia ter feito parte dessa breve vida, que foi a tua...

Mas que sempre recordarei, com um carinho sem tamanho.

Parabéns Luís...

Meu querido amigo.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

Meu Querido Amigo, Quantos Versos Cabem Nestas Saudades?

Filipe Vaz Correia, 21.10.20

 

 

 

Faltou-te tempo para viver;

Faltou-te tempo para amar,

Faltou-te tempo para crescer,

Faltou-te tempo...

 

Sobrou tempo para esta dor;

Sobrou tempo para tamanha Saudade,

Nesse tempo sem temor,

De levar esta amizade...

 

Destino ladrão;

Vagabundo,

Cancro maldito,

Sem vergonha,

Nesse grito profundo,

Que se liberta...

 

Caminho inacabado;

Uma vida por cumprir,

Planos, desejos imaginados,

Sonhos a fugir...

 

Ainda recordo o teu olhar;

A esperança e a frustração,

Que por vezes tinha lugar,

Dentro do teu coração...

 

Tantos anos se cumpriram;

Já não voltam,

Não regressam,

Desde essa tua despedida,

Que não sara, ferida...

 

Não consigo trazer-te de volta;

Nem voltar a te abraçar,

Nessa espécie de revolta,

Que por vezes quer escapar...

 

Ainda sinto a tua falta;

Ainda recordo aquele abraço amigo,

Aquelas travessuras de criança,

Que passei contigo...

 

Saudades, eternas, tuas;

Amigo que sempre quis,

Dessas lembranças nossas;

Luís!

 

Meu querido Luís Miguel, parece que foi ontem, 24 anos se passaram desde que nos vimos pela última vez, nesta saudade que não finda, somente adormece ligeiramente, sempre presente na alma.

Os anos passaram e com eles sobram estas datas que nos marcam, o dia de teus anos, o dia de tua partida, por entre, tantas outras memórias que nos ligam à nossa infância.

Este poema escrito, para ti, há anos atrás, regressa a esta Caneca de Letras numa singela homenagem, num abraço fraterno deste teu "irmão" que sempre te quererá bem...

Um abraço tão imenso como esta saudade que nos separa.

 

 

Filipe Vaz Correia