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Caneca de Letras

10.12.21

 

 

 

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fotografia aleatória 

 


Em cada recanto daquele monte alentejano;

vejo os rostos dos meus avós

em cada retrato naquelas paredes

oiço o som desnudado de sua voz

em cada quarto, sala

encontro esse tempo só

do que sobrou

se tornou pó

vida que não regressa...

 

Em cada sorriso, agora, calado;

encontro um pedaço de mim

por cada momento, agora, silenciado

uma memória sem fim

de um tempo imaginado

que sobrevive assim

na minha alma...

 

E ali guardados;

quadros vivos pendurados

contando pincelados

os momentos reencontrados

desse passado

de antepassados

meus...

 

Em cada recanto daquele monte alentejano;

somente naquele lugar

somente debaixo daquele luar

ouso me reencontrar...

 

Naquele monte alentejano.

 

 

 

 

27.02.19

 

Nenhum prato me faz recordar tanto de minha Mãe, como as suas maravilhosas Favas...

De certa forma, durante muito tempo, não gostava deste prato, para grande infelicidade de minha Mãe, que como boa Alentejana se orgulhava muito das suas Favas com Chouriço e Toucinho frito.

Parece que ainda consigo sentir o cheiro das Favas esvoaçando pela cozinha da nossa casa de Lisboa ou mesmo daqueles corredores no nosso Monte em Santa Luzia...

Parece que foi ontem.

Depois de sua morte, dediquei-me a pôr em prática as belas Favas à Alentejana, num estilo mais light, mas tentando resgatar o "velho" sabor.

 

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Ingredientes:

 

. 1Kg de Favas

. Chouriço

. Linguiça

. Toucinho Entremeado

. Malagueta

. Coentros

. Orégãos

. Azeite

. Vinho Branco

. Sal

. Folha de Louro

. Alho

 

Num tacho com água a ferver, colocar as Favas e deixar cozer um pouco, depois reservar essa água.

Numa frigideira aquecer o Azeite, para fritar o Toucinho entremeado à parte.

No tacho colocar uma Folha de louro com Azeite e Alho, acrescentar Sal e Orégãos, sem esquecer dos Coentros picados...

Após uns minutos, misturar o Chouriço e a Linguiça fatiada, deixando que os ingredientes se envolvam.

Misturar as favas, assim como, o Toucinho Frito e acrescentar o Vinho branco, envolvendo tudo com mais um pouco de Coentros...

Mexer bem e colocar a água reservada da cozedura das favas, criando assim um molho que envolva todos os sabores.

Tapar e deixar cozinhar.

Corrigir sabores e aguardar até que as Favas tenham uma consistência de acordo com o pretendido.

Por fim, acrescentar o resto dos Coentros, a Malagueta e Orégãos, para que sobressaia o seu sabor.

Experimentem mais uma receita da Caneca de Sabores, numa viagem pela Memória Alentejana de Minha Mãe.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

24.07.18

 

O maior avião de passageiros do mundo aterrou no Aeroporto de Beja, numa aventura sem precedentes para aqueles lados...

Ainda diziam que José Sócrates não havia tido visão quando apostou neste Aeroporto em pleno Baixo Alentejo.

Tomem lá!

O facto de o avião ter aterrado vazio, sem passageiro algum, não pode ser visto como um ponto a desfavor desta noticia, antes pelo contrário...

Um Aeroporto habituado à pacatez Alentejana, onde praticamente não se encontra viva alma que ali aterre, não poderia agora ser invadido por centenas de pessoas num voo já de si absolutamente histórico.

Referir ainda que o Airbus A 380, aterrando em terras Alentejanas, logo sentiu a necessidade de se adaptar aos costumes do local e por essa razão ali permanecerá em tranquilidade até Quinta-feira...

Não existe nada como o bom ar do "meu" Alentejo.

Viva Beja...

Viva Portugal.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

 

03.09.17

 

É impressionante como certas coisas mexem com o nosso imaginário, com as nossas memórias, as mais felizes, as mais escondidas dentro de nós.

Como já aqui escrevi passei férias em Monte Gordo, local aonde volto ano após ano, há décadas, onde me sinto feliz repetindo os mesmos sitios, jantando nos mesmos restaurantes, reencontrado caras familiares...

Os mesmos toldos de praia, as mesmas vozes, os mesmos rituais.

No meio de tamanhas recordações, resgato sempre ali em terras Algarvias, uma parte do meu Alentejo, deste Alentejano, desta criança que um dia fui, sendo eternamente o mesmo...

A praia de Monte Gordo, nesta altura do ano, é invadida por famílias Alentejanas, gente boa como tantas vezes ouvi à mesa de jantar, meus Pais e Tios afirmarem, gente nossa como em tantas e tantas ocasiões, senti na vida.

É ali nesta mistura de raízes, que este Alfacinha se mistura com a alma Alentejana que sempre em mim morou, parecendo por momentos, regressar aos tempos onde corria no Monte de meus Avós, de capote e botas alentejanas, por entre o sonho de uma bela popia caiada...

Nem posso falar de popias caiadas, sem que uma lágrima me invada, nessa saudade, intrinsecamente pessoal.

Num dos meus regressos a Lisboa, há anos atrás, num café na Mimosa, encontrei abandonadas, numa prateleira empoeirada as minha popias caiadas, tradicionais, feitas em Panoias, comprei todas, amarrando-as a essas imagens que infelizmente já não existem.

No entanto, voltando a Monte Gordo e à sua deslumbrante praia, reencontro sempre naqueles toldos, por entre aqueles rostos, aquele sotaque que também é meu...

Também me pertence!

E num instante, num segundo intemporal, ano após ano, recupero o meu sotaque Alentejano, serrado, orgulhosamente assente nos antepassados que fazem de mim aquilo que sou...

Neste meu lado Alentejano recupero o rosto de minha Mãe, os desejos de meus Avós e de tantos mais, que no meu sobrenome sobrevivem.

Sinto-me Alentejano novamente, sem nunca ter deixado de o sentir, de o recordar, mas verdadeiramente, ali recupero uma parte de mim, que certamente sorri...

Através de uma felicidade inesquecível, de uma época, infância, que felizmente vivi.

Foi minha! 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

23.07.17

 

A imaginação sempre me aproximou de um mundo só meu, guardado por entre os monstros que me acompanham desde criança, dos amigos imaginários que sempre estiveram presentes, nas milhares de aventuras que percorri no recato do meu quarto ou nas correrias por aquelas ruas de Santa Luzia...

Ainda hoje quando fecho os olhos facilmente me transporto para uma sala escura, pejada de cortinados feitos de asas de morcegos, com as paredes cravejadas de olhos, atentos, que parecem me observar, enquanto eu aguardo...

Esperando que o mistério se desfaça e possa finalmente me bater num duelo com um qualquer rival.

Ou mesmo, um campo florido a perder de vista onde cavalgo no meu cavalo branco, de crina castanha e com as asas recolhidas, preparadas para voar se necessário for.

Como regressar por instantes a tempos onde podemos ser quem queremos, como queremos, sempre que queremos...

Momentos onde a vida não esmagava essa criança interior que por vezes insiste em permanecer, insistindo em ficar, nesse estranho direito que temos de não deixar de brincar.

Como pode ser estranho neste mundo tão sério e enfadonho, deixar que dentro de nós, ainda viva uma criança?

Aquela criança que um dia fomos?

Por vezes sinto-me assim...

Ou melhor, recordo como me sentia, nesses tempos distantes.

Será que assim permanecerei, se chegar aos 90 anos?

Ou será que acharão que se tratará de uma qualquer loucura, própria da idade?

Pois bem, até lá, prefiro percorrer os trilhos da minha imaginação, sonhar acordado, buscando através destas linhas o reencontro com esse pedaço de mim, que se nega a deixar de ser criança.

 

 

Filipe Vaz Correia

14.04.17

 

Em cada recanto daquele monte alentejano;

Vejo os rostos dos meus avós,

Em cada retrato naquelas paredes,

Oiço o som desnudado de sua voz,

Em cada quarto, sala,

Encontro esse tempo só,

Do que sobrou,

Se tornou pó,

Vida que não regressa...

 

Em cada sorriso, agora, calado;

Encontro um pedaço de mim,

Por cada momento, agora, silenciado,

Uma memória sem fim,

De um tempo imaginado,

Que sobrevive assim,

Na minha alma...

 

E ali guardados;

Quadros vivos pendurados,

Contando pincelados,

Os momentos reencontrados,

Desse passado,

De antepassados,

Meus...

 

Em cada recanto daquele monte alentejano;

Somente naquele lugar,

Somente debaixo daquele luar,

Ouso me reencontrar...

 

Naquele monte alentejano.

 

 

 

 

25.02.17

 

Santa Luzia;

Que fazes parte de mim,

Como uma vela que alumia,

Alumiando sem fim,

O caminho da minha vida...

 

Em cada recanto da minha aldeia;

A cada história dos meus avós,

Permanecendo na minha mente,

Essa orgulhosa voz,

Da minha herança...

 

Pelos cheiros;

Impregnados nos meus sentidos,

Pelas gentes;

Em gestos vividos,

Pelas memórias,

Em momentos perdidos,

Guardados num tempo que não regressa...

 

Por cada pedaço de mim mesmo;

Por essa lembrança dos meus antepassados,

Recordo intensamente,

Os destinos desencontrados,

Desse Alentejo,

Só meu!

 

 

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