14.09.21
As noticias adiantam que as raparigas Afegãs poderão frequentar as Universidades, segundo o novo Governo do Afeganistão, desde que cobertas com véu ou burka, ainda não se sabe, e somente nos casos em que as aulas sejam leccionadas por uma mulher.
Ao ouvir esta noticia, pensei:
- Olha que bom!
- Isto até nem está assim tão mal!
Acabei de ter este pensamento e no mesmo instante dei por mim carregado de vergonha, submerso na estupidez que acabara de pensar.
Estas jovens estão amarradas e espartilhadas por um conjunto de ogres feudais, de pensamento arcaico, discriminadas em todos os aspectos e ainda se têm de sujeitar a este tipo de "esmolas" para a sobrevivência da sua instrução.
Não acredito que seja fácil encontrar Professoras para dar as ditas aulas, condição indispensável para os Talibãs, não só pela falta de docentes femininas como também pela dificuldade que estas deverão ter em obter autorização dos seus "tutores" para, nestes novos tempos, irem trabalhar.
Não esquecer ainda a diferença de realidades entre Cabul e as zonas rurais, desse interior do Afeganistão onde proliferam os casamentos de meninas em idade infantil, por entre, outro tipo de atrocidades culturais.
Deixo-me levar por aquelas imagens, por aqueles rostos, imaginando o terror com que devem viver aquelas jovens mulheres, o quão angustiante deverá ser o abandonar de sonhos que neste momento não passam de pecados.
Não, isto não é uma boa notícia...
É apenas um paliativo.
Filipe Vaz Correia