Suicídio...
Torno-me refém dos meus pensamentos;
Aprisionado a este vazio,
Como um constante movimento,
Que corre em direcção a um rio...
Maresia, corrente ou maré;
Esse intenso despertar,
Para essa falta de pé,
Que insiste em ficar...
Permanece ao amanhecer;
Se instala e domina,
Nos esventra ao anoitecer,
Como se esventra uma mina...
Não nos deixa mais dormir;
Tornando-se parte de nós,
Roubando-nos o sorrir,
Deixando-nos, cada vez, mais sós...
Sozinhos e acorrentados;
Nesse silêncio animal,
Que nos foge já cansados,
Dessa luta desigual...
Sobra-nos a ausência;
Esse grito sem razão,
Essa imensa demência,
Nesse destino de ilusão...
Fortaleza e caminhar;
Ó silêncio de outro tempo,
Deixa-me só terminar,
Terminando com este sofrimento!