25.05.22
Sem ti;
faltam-me dedos na mão;
unhas e pele,
falta-me sangue nas veias,
pestanas e sobrancelhas...
Falta-me uma perna e um braço;
e um pequeno pedaço do nariz
mas não vejam esta imagem como um embaraço
ou um desenho traçado a giz...
Faltam-me por vezes as palavras;
palavras carregadas de intenções,
expressões preparadas,
para desarmar as minhas maldições.
Falta-me força de vontade;
e asas para voar,
sob as penas da saudade,
do que outrora se atreveu a passar...
Falta-me tanto e tão pouco;
nesta aventura desventurada,
meio trajecto louco,
inventado numa berma de estrada...
E assim vou caminhando;
solitariamente despedaçado
em busca de te encontrar
meu outro lado imaginado.
E se a lua tem duas faces;
e o sol duas moradas,
então continuarei a buscar,
em cada amanhecer,
a cada anoitecer,
um rastilho de ti.
Filipe Vaz Correia