30.07.19
Pedro Santana Lopes foi ao Podcast do Rui Unas, Maluco Beleza...
Ou seja nada mais apropriado, sendo o "enfant terrible" da política um grande "Maluco", com todo o respeito, assim como um grande apreciador da "beleza", com um respeito ainda maior.
Santana sentou-se durante quase duas horas naquele cenário, despido de receios ou artimanhas, respondendo ao seu interlocutor, assim como às perguntas do público, num encontro descontraído mas carregado de substância.
A vida pessoal, o percurso político, o novo partido ou até o "seu" Sporting, tudo passou por aquele estúdio, por aquela agradável conversa.
Sinto ser minha obrigação fazer aqui um ponto de ordem, aliás julgo já o ter feito noutras páginas desta Caneca...
Sou de direita e durante a minha adolescência, aquele período Cavaquista que tanto me entusiasmou, era verdadeiramente Santana Lopes que me entusiasmava, movia parte da esperança dessa minha geração, num acreditar que me colava aos Congressos, às intervenções públicas carregadas de rebeldia e visão.
Era assim que me sentia, que crescia essa crença numa liderança Santanista.
Santana foi tanta coisa...
Presidente do"meu" Sporting, de Câmaras, comentador político e de futebol, tanto e tão pouco num turbilhão de emoções que acabariam por ditar as armadilhas de um destino que muitos auguravam brilhante.
Lentamente este jovem, que vos escreve, cresceu e a ingenuidade com aquele mundo Laranja se foi esboroando, com Cavaco, com aquele período e com o ídolo de outrora...
Pedro Santana Lopes!
A sua ida para o Governo, Primeiro-Ministro, a criança na incubadora, os familiares que queriam bater na mesma criança...
Enfim, tamanhos e entrelaçados erros acumulados ao longo do tempo e que acabaram por descredibilizar o político, sendo em grande medida, esses erros responsáveis pela imensa taxa de reprovação que ainda sustenta.
Mas não posso negar...
Santana esteve no Maluco Beleza como nos Congressos do PPD/PSD, aqueles Congressos do antigamente, com a mesma energia, a mesma desenvoltura, a mesma forma de nos amarrar à mensagem, seja ela política ou corriqueira, numa conversa que me trouxe momentos que pensava perdidos no passado.
Gostei...
Francamente foi um gosto imenso.
Este Santana poderá não vencer eleições, até por culpa própria, pela imagem de si construída, mas acrescenta à vida política, a essa Direita ausente do debate, da disputa pública.
Num mundo de Direita, preenchido por "eunucos", gente capaz de nada dizer sobre esse nada que os habita, Santana aporta um outro discurso, uma forma de agitar as águas sem receio de ir à luta.
Como ele mesmo definiu:
Este projecto, Aliança, é radicalmente moderado.
E assim caminha buscando ideias e gente nova, indo ao encontro das pessoas, as reais, que habitam para lá das paredes da Assembleia da República ou das "cortes" de Lisboa.
Gostei desmedidamente deste Maluco Beleza.
Perdão...
Deste, rejuvenescido, Pedro Santana Lopes.
Filipe Vaz Correia