22.09.18
Não me sobrou o medo, pois esse medo que me corrompe, me consome, estará apenso à solidão momentânea de um desmedido desejo, singelo ensejo de um destino.
Palavras singelas que se confundem com o bater do coração, esse cego sentir, sentindo cegamente esse querer secreto.
Mas poderá a alma se silenciar?
Poderia ser diferente se de cada vez que é tornado realidade, se desvanece num senão, esse tão puro amor?
Por entre a sapiente sabedoria de um silencio, vai desvanecendo essa esperança, essa intensa querença que se tornou tristeza...
Mas como se explica ao coração que não importa o sentir?
Como se explica ao coração que por vezes apenas sobrará a desmentida promessa?
Por vezes não importa explicar, apenas soletrar baixinho o triste caminho que sobreviverá eternamente...
Num texto desconexo, por entre palavras descomplexadas, tristemente enumeradas numa carta sem poesia, numa tarde de maresia, afogando o que um dia prometeu ser eterno.
Por vezes não importa amar...
Por mais que esse amor seja o essencial de uma vida...
De todas as vidas.
Filipe Vaz Correia