16.10.17
Rui Rio esteve no Jornal da noite da TVI, para uma entrevista, a primeira desde que é candidato à Presidência do PPD/PSD.
Gosto imenso de Rui Rio, sempre tive respeito e consideração pela sua coerência política, pela rectidão do carácter, pela forma como sempre se comportou na vida pública...
E isso não é de somenos, no panorama político actual.
No entanto, esta entrevista deixou-me um pouco confuso, pois se em muitos momentos reconheço o mesmo Rui Rio de sempre, a mesma disciplina nas palavras, a mesma autenticidade do discurso, noutros pareceu-me preocupado em não ferir susceptibilidades dentro do Partido, essencialmente, na Bancada Parlamentar.
Gostei de Rio quando, mesmo superficialmente, avaliou o Orçamento de Estado agora apresentado pela Geringonça, a forma como se diferenciou de Pedro Santana Lopes, como não teve receio em afirmar a necessidade de colocar sempre o País, à frente dos interesses Partidários...
Mas ao mesmo tempo, desagradou-me a maneira hesitante como tentou tranquilizar, aqueles que temem perder o seu lugar, irritou-me a insistência em afirmar que não existirá uma purga no Grupo Parlamentar, a necessidade de confortar, aqueles que se acomodaram ao aparelho laranja.
Rio tem de perceber que se for para manter este PSD, então não valerá a pena votar nele, Santana interpretará melhor essa função...
Aquilo que se pede a Rio, é que resgate o Partido da pasmaceira aparelhista a que foi votado nestes últimos anos, que o liberte do poder de Relvas e Marco António, que recupere os valores essenciais do Centro-Direita Português.
Centro-Direita, não se confunda com esquerda, que aqui ou ali, também me pareceu estranho, ouvir no discurso de Rio.
Por todas estas razões, e também por alguns destes meus receios, reafirmo a minha simpatia por Rui Rio, a esperança que possa mudar o rumo do PPD/PSD, mas para que consiga levar a cabo esta empreitada, será importante que se liberte de alguns gestos politicamente correctos, numa tentava de agradar às várias facções do Partido...
Terá de escolher uma das margens do Rio, um dos lados desse destino a cumprir.
Se for fiel ao seu passado e perfil, julgo que estará sempre mais perto de ter sucesso...
No Partido e no País.
Filipe Vaz Correia