25.07.19
Como posso dizer?
Escrevinhar sem soluçar, ou mesmo que soluçando, olhando de frente para o futuro sem me recordar daquela criança que brincava em seu quarto, esperançosamente esperando por esse amanhã.
Todos já fomos essa criança...
Não fomos?
Aquele mundo de exclamações e interrogações, de medos e certezas, de anseios e desejos.
Tanto tempo passou...
Tão pouco tempo decorreu.
A noção de tempo é um dos mistérios da existência Humana, desse decorrer de segundos e instantes que chegando se perdem, abraçando se extinguem, amarrando nos libertam.
Tanta gente que se perdeu pelo caminho, olhares que se apagaram, vidas que abandonaram o palco e vivem agora aprisionadas na minha memória.
Tenho tanto carinho por aquela criança, pelos seus sonhos cumpridos ou por cumprir, pela sua vontade de querer, simplesmente, existir.
Tenho saudades...
Saudades que vivem em mim, sem fim, por fim.
Em cada momento, por entre, caminhos e destinos, busco sempre, quase sempre, aquele sentir puro que habitava naqueles largos caracóis, naquelas expressões sorridentes, naquele tempo que parecia não passar.
Infelizmente passou...
Felizmente passou.
Tantas contradições, próprias de interrogações que chegam e que se entrelaçam com a vida de adulto.
Escrevendo este texto liberto um pouco desse tempo perdido nos escritos antigos, nas memórias presentes, recordando nesta Caneca um pouco mais de mim...
Um pouco mais dos meus.
Filipe Vaz Correia