27.05.20
Nada para mim tem tanto valor quanto a lealdade, esse sentir em desuso mas que nesta alma minha ganha cada vez mais força.
Foi assim que me construí, enquanto pessoa, nessa caminhada que se tornou vida.
Estou mais velho, cada vez mais velho, sendo que a idade no BI ainda me confere o estatuto de um velho jovem, ou seja, aquele que estando nos quarentas da vida ainda não tem direito a reclamar o epíteto de velho.
Fiz-me entender?
No meio deste looping de costumes e ideias, lá me fui adaptando, amarrado a ferramentas que recebi no berço e a outras que me foram dadas por estimados amigos...
E de tropeço em tropeço lá me fui adaptando, aprendendo, decorando.
Tantas são as vezes que me apetece dizer, no meu tempo, e tantas são as vezes que silencio essa vontade, em nome de um querer maior, esse entrelaçado tempo que não pára de caminhar.
Se fosse, hoje, o mesmo que fui há trinta anos se calhar votaria num qualquer Ventura que me aparecesse à frente, aplaudindo uma qualquer ideologia que gritasse aos ventos a revolta e a gaiola ideológica onde fui forjado.
Felizmente não sou essa pessoa...
Cresci.
Estarei a explicar-me bem?
Aprendi através de pessoas, de escritos ou vozes, que importa a latitude de mundo, a querença desbaratada do outro, mesmo que esse outro seja o mais diferente lado de uma moeda que nos arrepia.
Esse contraponto, desde que civilizado, não deve ser considerado algo de somenos, antes pelo contrário, deve ser visto como um pormaior no debate de ideias.
Não era assim que eu via o mundo, trancado nas entrelinhas ideológicas do meu casulo...
Mudei?
Mudei.
Mantendo muito do que bebi no berço, os traços do desenho original, atrevi-me a deixar entrar luz sobre a pintura, a arejar a mente e a decifrar, por mim mesmo, as cores e significados dessa aguarela que o destino me entregava.
Somente isso.
Em todos os aspectos, em todos eles, olho hoje para o mundo tentando observar nas suas cores a compreensão de tamanhas escolhas, sabendo de onde parti, por onde desejo ir mas buscando sempre um significado para tão precioso destino.
Com lealdade mas sem medo de questionar.
Grato a todos os que contribuíram para esta caminhada, minha, que percorro com este infindável desejo de saber...
Não será este o desígnio de todos nós?
Filipe Vaz Correia