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Caneca de Letras

24.09.17

 

A Alemanha votou, perto de 80% dos seus eleitores, expressando assim a vontade de quase 70 Milhões de pessoas.

Os resultados eleitorais, um pouco confusos quanto aos cenários de Governação, permitiram tirar algumas conclusões, a mais alarmante de todas a subida do AFP, Partido Nacionalista radical, que conseguiu pela primeira vez assento no Bundestag...

Sendo esta última a mais alarmante, não poderemos deixar de olhar para outras conclusões desta noite eleitoral, como por exemplo, o imenso desgaste sentido nas duas maiores forças políticas Alemãs: 

A CDU e o SPD.

Merkel vence, e uma vitória será sempre uma vitória, no entanto, é o partido que mais desce nas votações, quase 9% menos do que havia conquistado em 2013, assim como, o SPD de Martin Schulz que perde 5% de eleitores em igual período...

Este é mesmo o pior resultado de sempre do SPD.

Estes resultados demonstram o imenso desgaste causado pela Grande Coligação formada por estes dois partidos, durante os quatro anos da anterior legislatura, deixando um espaço vazio para o descontentamento popular, para a insatisfação que certamente encontrou abrigo no populismo radical dos Nacionalistas de extrema direita.

O SPD rejeita agora a reedição desta Grande Coligação, tentando buscar um novo caminho que possa resgatar a confiança de milhões de eleitores que acabaram por se desiludir com os Sociais-Democratas Alemães...

Assim, restará a Merkel um acordo com os Liberais e com os Verdes, cenário difícil, no entanto, talvez o mais provável de todos, arquitectando assim uma espécie de Geringonça ideologicamente improvável.

Evitar que o AFP com o seu pensamento radical, marque a agenda política e mediática na Alemanha, será uma das principais obrigações de todos os partidos que não se revêem neste discurso de segregação e ódio, mas será também importante respeitar a vontade dos 13% de eleitores que votaram neste partido radical e acima de tudo, tentar entender a razão pela qual as pessoas sentiram a necessidade de votar num partido como este.

Começarão as negociações para uma solução Governativa, com a certeza de que Angela Merkel continuará a ser a Chanceler da Alemanha e a líder política da Europa.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

   

 

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