18.04.19
Isto de ser mãe
A minha filha mais velha sempre adorou o mar. De tal maneira que cheguei a pensar que teria sido sereia noutra encarnação.
Mal se segurava em pé e já entrava na água como se fosse o seu mundo. Simplesmente avançava...
Um dia, em vez de a agarrar, coloquei-me atrás e deixei-a ir (quem conhece a Lagoa de Albufeira sabe que são águas paradas, sem perigo). Ela foi caminhando, segura e serena, e nem mesmo quando a água lhe tapou a boca e o nariz, quis recuar. Eu só a levantei quando sentiu a aflição de não conseguir respirar.
Não sei se aprendeu a lição mas eu aprendi.
Aprendi que ser mãe não é antecipar os perigos ou impedir certos percursos. Não vale a pena!
É deixar que decidam e que avancem, em busca daquilo que querem.
É permitir que errem em águas serenas.
É estar atrás, pronta a agarrar quando já não há caminho.
Talvez por isso, ganharam confiança e aprenderam a voar atrás dos sonhos.
Embora eu, passadas quase duas décadas, continue apenas um passo atrás, em estado de prontidão. Afinal, a vida dos jovens quase que se resume a escolhas incessantes e nem sempre os trilhos conduzem ao melhor destino.
Ainda não tenho a certeza se é isto que é suposto ser mãe.
Mas pelo resultado, parece que não me saí lá muito mal.