11.02.17
Schumi, carinhosamente tratado por tantos, como eu, que dele gostavam, gostam, admiram, marcou sem dúvida, uma geração de pilotos de fórmula 1, talvez mesmo, toda a história desse desporto.
Eu era um admirador de Nélson Piquet, piloto brasileiro, que fazia as delicias da minha imberbe infância...
Não tenho memória, das suas vitórias na Brabham, mas guardo com a mesma intensidade aquele louco ano, com Nigel Mansell, na Williams Honda, que levou ao seu terceiro titulo mundial, de fórmula 1.
Piquet foi o meu primeiro ídolo, por quem chorei, praguejei, torci, de maneira fervorosa, volta após volta, adversário após adversário...
E eram muitos, de qualidade, desde o novato Ayrton de Senna, Nigel Mansell, Alan Prost entre outros, sempre empenhados em circuitos míticos, alucinantes, por entre voltas emocionantes e desfechos imprevisiveis.
Quando em 1991, Piquet resolveu abandonar o Circo da fórmula 1, um vazio ameaçava este menino de 14 anos, orfão desse ídolo que deixava o seu lugar, reservado na história do automobilismo...
Superior a ele, até então, só Fangio com os seus cinco títulos mundiais.
No entanto, um jovem, começava nos velhinhos Jordans, aparecia na cena automobilistica, chegando até à Benetton, última equipa de Piquet...
Parecia mais um, mais um nome, um prodigio como tantos outros, que entretanto por ali tinham passado, só que ao entrar no cockpit do seu carro, voando pelo asfalto daqueles circuitos, daquelas tardes de corrida, tudo mudara...
Senti logo uma imensa ligação, uma intensa admiração por aquele menino que enfrentava Senna, Prost, sentado no seu carro, lutando sem medo contra esses monstros que aprendera a ver no seu televisor.
Esse jovem Schumacher, pontuou pela primeira vez em Spa, voltou lá mais tarde para vencer pela primeira vez e depois brilhou, anos sem fim, numa dança permanente com as curvas desse labirintico destino.
Acompanhei todas as corridas, todos os momentos, todo o percurso que o guiou até aos seus sete titúlos mundiais.
Os carros menos seguros, o trabalho exaustivo, a busca constante pela perfeição que acabava por sobressair em cada paragem na box, em cada pingo de chuva que teimava em cair.
Schumi, à chuva distanciava-se dos demais, tal como Senna o fazia, porque nesse instante, apenas o talento poderia servir de vantagem em relação ao medo, à imensa insegurança de ser melhor.
Aprendi a segui-lo, continuei a admirá-lo, rejubilei com cada vitória...
No fim de toda a história, emocionei-me na sua retirada, nunca reencontrando a paixão por este desporto, que acabou por esmorecer em mim, com a inevitável despedida de uma época.
Quando apareceu pela primeira vez, esse rapaz desconhecido, ninguém esperaria que ao se despedir, o faria no patamar superior da galeria dos intocáveis, o mais intocável entre iguais.
Até aos dias de hoje, nesta luta pela vida que agora trava, mantenho-me fielmente como mais um Tiffosi, acreditando que na última curva, no derradeiro momento, ele vencerá...
E aí, voltarei a emocionar-me, recordando cada vitória, cada lágrima, diante da pequena televisão do meu quarto, onde podia voar através das rodas do seu Ferrari, pelo sucesso de um eterno campeão.
Boa sorte Schumi!