09.05.17
Meu caro Salvador, sei que os dias que se aproximam devem ser de rebuliço nessas terras distantes de Kiev, lutando com a expectativa de todos, de que possas vencer o Festival da Eurovisão, algo impensável para este nosso Portugal...
Pois meu caro, para mim pouco importará o resultado que obtiveres nesta noite, pouco significará o que determinar esse, certamente, distinto júri.
O que importa para mim, aqui escrever, é o que senti quando pela primeira vez ouvi esta canção, Amar pelos dois, sem esperar, desprevenido para a beleza que iria encontrar...
O que me importa guardar são os versos límpidos dessa poesia, o encanto perdido em cada letra, em cada som, em cada apaixonada rima.
O que me importa ressalvar, é a eterna sensação que guardarei em mim, da primeira vez que ouvi a tua voz, cristalina, pura, irrompendo por entre a melodia de uma canção intemporal...
Guardar esse momento, como o fiz, quando pela primeira vez ouvi Nat, Sinatra, Caetano ou Ray, descobrindo em cada repetição um novo desencontro com essa mensagem inerente à poesia cantada sem pressa, amarrada sem força, destemperadamente deslumbrante.
Fechar os olhos e voar através do encanto escondido na emoção proporcionada, querer agarrar o destino na dor desencontrada e sentir para sempre a imensa vontade de nunca mais deixar de sonhar...
Por tudo isto meu caro Salvador, não me interessa qual o lugar que conseguirás no Festival da Eurovisão, pouco me importa o que irão escrever ou dizer mas apenas me importará, o que para sempre, guardarei...
Um Bem-haja Salvador Sobral!
Filipe Vaz Correia