14.04.18
Meu caro José Diogo Quintela é com tristeza que lhe escrevo, não por si, mas essencialmente pelas enormidades explanadas em seu texto e que o tornaram na chocante realidade de uma singela estupidez...
O seu texto denominado Oncolamúrias é um pedaço de insensibilidade, misturada com a arrogante presunção de julgar algo, absolutamente inimaginável.
O topete demonstrado por si, julgando a indignação desses Pais que vendo os seus filhos de tenra idade, prostrados em corredores de um Hospital, lutando pela vida em condições inaceitáveis, enquanto ingerem doses de quimioterapia, numa última esperança de se amarrarem a esse destino que lhes sobrou, soluça esta minha escrita incapaz de verbalizar a tamanha incredibilidade que me assola.
Reportar as mortes de Crianças nos bombardeamentos químicos na Síria, como ponto de comparação com este caso, não respeita nem a memória desses mártires, nem tem em consideração a dor e o sofrimento destas Crianças e Pais que agonizam nos corredores do dito hospital.
Será que poderemos falar de Lares que maltratam e deixam velhos subnutridos, quando em África, tantos e tantos, morrem sem comida?
Será que poderemos falar em violação, quando em vários Países, esse casos são flagrantemente sentidos, numa escala maior do que neste nosso País?
Será?
A crónica de José Diogo Quintela é, na minha opinião, absolutamente fedorenta, mesmo nauseabunda, desrespeitadora da mais básica expressão da solidariedade Humana.
Já aqui escrevi, vezes sem conta, o que me vai na alma quando o assunto é o drama Sírio, o massacre constante a que estão sujeitos Velhos e Novos, Pais e Filhos, enfim gente...
Já aqui gritei, através da tinta soletrada pelas minhas palavras, o horror que se vive na Síria, no entanto, não posso aceitar que esse argumento seja utilizado para menosprezar a dor imensa a que devem estar sujeitos, aqueles meninos e meninas, combatentes nessa batalha pelas suas vidas, contra o cancro.
Não existe comparação...
Nem tem de haver.
Por isso e como gosto pouco de almas fedorentas, mentes tacanhamente dispostas a tudo por um punhado de polémica, distancio-me desse texto, desejando apenas que o seu autor nunca tenha de estar num corredor de Hospital, com um filho seu, guardando em si o desespero de tamanha luta.
Quanto a mim, sobra-me indignação para poder escrever sobre os dois temas, com a mesma revolta e sem senãos...
Sem hesitações em criticar o inaceitável.
Filipe Vaz Correia