21.12.20
Guardo-te nas minhas memórias onde sobrevive o teu cheiro, o teu olhar, a tua voz, tantos momentos que guardados em mim perpetuam cada parte de nós, intensamente nossos, perdidamente únicos.
Guardo em mim a saudade, ardente e insistente, guardo em mim o amor, intenso e imenso, guardo em mim o adeus, a cada instante, asfixiante.
Guardo tanto de ti, deste que te pertence, desse nós que só existe por tua decisão.
Sou gente porque o quiseste, sou alma porque o desejaste, sou eu...
Porque fui teu...
Sou teu.
As palavras que aprendi a tecer, foram-me dadas por ti, tecidas nesse amor soletrado em cada linha, em cada letra, de cada forma, em cada pozinho de perlimpimpim.
Não sei chorar sem esconder, respirar sem sofrer, esperar, esperar, esperar...
Esperar por esse tempo que não volta, esse ardor que ainda queima, esse desesperante adeus que persiste.
Deitada na cama de teu quarto, sem vida, recordo-me desse último olhar, meu sobre ti, num adeus que sabia seria o mais penoso em mim.
Nesse último instante, a sós, em nossa casa, tinha a certa certeza de que nada seria igual, nada o foi, de que jamais poderia sentir o mesmo bater do coração.
Meu amor...
Tenho saudades de não ter saudades, desse querer maior traduzido em teus olhos nesse navegar em minha direcção.
Nesse olhar descobri, sempre senti, o significado do incondicionalismo, num amar maior do que a vida...
Amo-te, Mãe.
Filipe Vaz Correia