15.02.20
O fim...
Sempre esse, palavra definitiva e cruel que encerra o mistério da vida, abrindo ou fechando destinos conforme as crenças de cada um.
Este debate que divide a Sociedade Portuguesa, Eutanásia, vai muito para além das palavras ou das singelas contradições.
As minhas crenças de menino, profundamente católicas, levam-me a sentir dúbias e contraditórias emoções sobre o caso, nesse entrelaçado sentir que me preenche.
Os meus Pais sempre me incutiram esse valor maior, denominado por Vida, essa dádiva de Deus que nos toca, e que apenas a Ele compete dispor.
Ensinamento, segundo o que aprendi há muitos anos atrás, que não permite contraditório, que encerra e preenche os mandamentos Sagrados.
Esse dogma religioso tolda a compreensão do tema, aliado ao medo de sempre, esse medo maior de morrer.
Vivo nessa contraditória sensação, entre os ensinamentos de outrora e a aprendizagem de novos tempos, questionamentos que chegam e irrompem os dogmas estabelecidos.
Não sei que decisão tomaria, se chegasse a esse momento, Deus me proteja, no entanto, algo me inquieta de forma inequívoca...
Como posso, neste caso, decidir por mim e pelo outro, em momentos diferentes, com raízes diferentes, querer diferente?
Decidir em circunstâncias diferentes, mesmos direitos...
Esse Direito de optar como terminar, como percorrer o fim.
Poder escolher esse fim?
Ou não?
Viver de acordo com os princípios que aprendi em tenra idade...
Mas como impor isso a quem não crê ou crendo não está disposto a continuar a percorrer essa estrada?
Esta dúvida é para mim maior...
E é essa dúvida que me inquieta e perturba nesta questão:
Deverá alguém que deseja ser Eutanasiado poder cumprir a sua vontade com as condições dignas?
Acredito que sim...
Como o Estado o faria?
Como este burocrático e errático Estado faria para vigiar e fazer cumprir a lei?
Essas também serão questões pormaiores e que importa discutir.
E voltamos ao fim, àquele que chega, sempre chega, independentemente de debates ou discussões...
E esse é o maior e triste parágrafo de uma singela história, a que chamamos de destino.
Filipe Vaz Correia