23.04.18
Não tenho palavras para esta despedida...
Pois palavras não existem para descrever o que dita a ingénua alma que um dia acreditou na eternidade de tamanho sentimento.
Não existe céu capaz de cobrir a imensidão do que se esconde por entre o silêncio ruidoso, ruidosamente soletrando o que desabridamente se expressa no olhar.
Não cora o rosto que sabendo deste adeus, disfarça timidamente para que nada se torne eterno na mente entristecida, retrato de um desgosto indisfarçável.
Não grita a voz, embargada pelas memórias só nossas...
Tão nossas que se diluíram neste destempero tornado em realidade.
São assim as despedidas de amor ou talvez não...
Talvez poucas se possam mostrar tão doloridas, tão dolorosas como a centelha que incendeia a triste alma, tão cortantes como a dor de tamanha separação.
Não sei viver sem esse respirar teu que me completa, essa parte de mim que se perde em ti, mesmo que despedaçada, despedaçadamente procurando um teu sinal...
Mas não basta buscar esse amor, essa partícula imaculada de um cristalino sentimento, tão puro quanto raro, tão meu que ao mesmo tempo se confunde contigo.
Não basta querer voltar encontrar, quando se perderam por entre as palavras renegadas, por entre as vontades esquecidas, as tristes lágrimas que insisti em esconder...
Não basta querer acreditar que poderemos sobrevoar o tempo, uma e outra vez, voando sem asas, sem esperança ou fé.
Tantas palavras por escrever, por gritar, sussurrando ardentemente o descompasso em que se tornou o triste olhar meu.
Mas sabes bem...
Sabes bem que o compasso deste sentimento se renova sem explicação, se mantém sem mais nada, singelamente fiel a cada pedaço dessa História que nos pertence.
E por isso sem palavras, apenas gritando o silêncio...
Se despede o eterno amor, discretamente contando que numa bela noite de verão, partiu esse último recanto do meu coração.
Até sempre meu amor.
Filipe Vaz Correia