24.01.20
Não tenho cores nem luzes, vislumbre de esperança, submerso nessa cegueira que me atormenta, amarrado ao medo de voar.
Nas catacumbas da essência de sentir, se desvanece o olhar, meio perdido, sem sentido, apunhalando cada palavra quente que se atreve a agitar o quotidiano.
Sento-me à escrivaninha, solitariamente buscando o reflexo de mim mesmo, buscando sons e imagens, memórias de outrora e que se foram embora sem regressar...
Já aqui não moram os meus, aqueles que sendo meus, fizeram cada linha de minha história, cada entrelaçada linha deste destino.
Sinto-me só, tão só e distante, triste e ausente, desencontrado nesse prometido encontro que não chega, chegou, chegará...
Faltam vontades, por entre verdades, lágrimas de tamanhas saudades, laços desenlaçados do que um dia foi perfeito.
Partir, sorrir, sentir...
Tantas palavras a rimar, palavras a escapar, palavras a escrevinhar a amargura de uma aventura por cumprir...
Que se entrelacem as nuvens, se amarrem os ventos, se quebrem os sonhos, se beijem os dias e noites nesse intemporal adeus.
E que volte a sonhar a doce alma, desta vida, noutra vida...
Por todas as vidas.
Filipe Vaz Correia