25.10.17
Através dos olhares de outros, viajo vezes sem conta por entre as realidades esquecidas, por entre vidas esvaziadas de presença, mas imensas no sentido, naquele sentir eterno.
Descobri cartas e mais cartas de um passado distante, com mais de 100 anos...
Cartas e postais, palavras soltas e apertadas, saudades distantes e lágrimas disfarçadas, em cada uma das suas letras esborratadas, de uma qualquer linha, daquele postal.
Naquelas cartas encontrei a minha Avó, minha Bisavó, amigas e sonhos, desilusões imprecisas, numa mistura de vida, cumprido destino.
Encontrei as saudades imensas de minha Mãe, uma menina que desconhecia que de si viria, aquele que nesse instante lia, palavras e sentimentos explanados em tão antiga carta...
Presente carta...
Voz que tanto amo.
Cartas e mais cartas, impregnadas dos meus, cheias de mim.
Porque o que somos nós senão esse pedaço, demasiados pedaços, daqueles que um dia, ao longo de vários destinos, nos pertenceram...
Serão eternamente parte de nós.
Assim continuo aprisionado, às letras, aos desabafos, à formalidade inerente a tempos que já passaram...
Continuo buscando partes de mim, que ainda não conheço.
Filipe Vaz Correia