12.01.19
Uma partilha de dor;
Dolorido tormento,
Num momento, um ardor,
Noutro sofrimento,
Caminhando sem pudor,
Despudoradamente ao vento...
Por entre a ventosa timidez;
Que insiste em chegar,
Com tamanha desfaçatez,
Se amarra ao olhar,
E de quando em vez,
Se atreve a magoar,
Esse vazio sem tamanho...
Porque é vazio;
O que esburacado permanece,
O que do outro lado de um rio,
Levemente se entristece...
Porque é vazio;
O que sem sentido,
Fere,
O que proibido,
Mata,
O que desmedido,
Transborda...
Seja loucura ou ternura;
Sede ou amargura,
Desejo ou aventura,
Fel ou candura...
E da salgada maresia;
Vai fugindo a mais doce lágrima,
Como letra em poesia,
Como beijo na alma.