As Trincheiras Do Covid-19... (Desabafos Poéticos)
Não te escondas de mim futuro, entrelaçado medo que percorre minhas veias, numa escuridão tão imensa como o bater da alma, desnudada, perdida...
No meio destes corredores o pânico, ao mesmo tempo que se sente o querer de todos, de todos aqueles que lutam, desesperadamente lutam, por resgatar dos mortos, vidas, rostos, gente.
Nos olhos a pressa, essa corrida contra o tempo, num tempo desconhecido em terra de ninguém, onde alguém solitariamente olha em volta, sem volta, à volta.
Sento-me num pedaço de colchão num recanto de nada, porque neste caso um nada pode ser tudo, esse todo de um tudo que se transforma em vazio, num frio que percorre a espinha, num arrepio imenso, tão intenso como gélido.
Não consigo pedir, orar...
Não consigo rezar por entre as lágrimas de sangue amarradas a este filme.
Nada é profundamente Humano quando nos confrontamos com a morte, nada é Humanamente maior do que esse moribundo momento, no calafrio dos números, numerosos amontoados de horror.
Corredores e mais corredores, máscaras e máscaras, rostos tapados, vozes ao longe...
No que nos transformámos?
O que nos sobrou nesse inferno que nos chegou, por entre, dias e meses inverosímeis?
Somos gente...
Somos alma...
Somos nada.
Filipe Vaz Correia