24.02.21
Boa noite...
Palavras ao vento nesse tormento que me persegue, que amiúde busca essa inquietude própria dos mortais, mortais almas que na inquietude se reencontram.
Se nas entrelinhas da História podemos amarrar partes da essência perdida, será nos teus olhos, desencontrados olhos que se reescreve a verdadeira certeza, de uma absoluta incerteza, de um amor.
É crua a natureza Humana, cruel o desapegado amor que infinitamente brilhará, na despedida certeira, na partida imposta.
Todos nós estamos entregues a esse mistério que nos permite colorir o dia, essa repetida existência que nos cobre, que nos alimenta, que nos ensombra.
Seremos nós a repetição de tamanhos destinos?
Viajaremos nós por entre as nuvens e o sol numa incompleta dança de almas e expectativas?
Quantos reencontros...
Voltas e desencontros marcarão os nossos destinos?
Serei eu uma repetição de mim mesmo?
Seremos nós uma pequena partícula de algo maior?
E as nossas almas...
Viajarão sem regresso a esse intemporal regressar para os braços daqueles que por entre séculos nos pertenceram?
Fará sentido?
Angústias terrenas em dilemas existenciais, pedaços de contradições numa tela maior, de um quadro abrangente que nos completa...
Regresso sempre a Cazuza, sempre ele, um dos que me pertenceram através de suas palavras, dos seus poemas, de sua voz, meio loucura meio ternura.
Se o tempo não pára, a vida louca, louca, percorrendo os blues da piedade, nesse Brasil, mundo, que se torna parte do "seu" show...
"Cazuza dixit"
Se tudo isto fizer sentido e nos reencontrarmos sem senão, se sim ou não, porventura faltará razão à dita razão que nos espartilha e amarra, por entre, dogmas e escrituras.
Receios e anseios, em partituras de uma canção, livre e liberta, desamarrada expressão uma oitava acima.
Anseio os reencontros perdidos, receio os perdidos reencontros, numa tela de Leonardo, num rascunho de Camões, na voz de Vinícius...
Tudo e nada, numa aguarela gigante à beira de um rio.
Por que morrer não dói, como escreveu Cazuza...
Mas amar, por entre séculos, dói imensamente.
Filipe Vaz Correia