06.05.19
Atravesso a estrada, sempre a mesma estrada, na mesma passadeira, rodeado dos mesmos silêncios, mesmos ruídos, num absoluto sentir repetitivo.
Todos os dias como se fosse derradeiro, mesmo sendo primeiro, tal qual como o primeiro, repetitivamente inteiro, repleto de nadas.
Os mesmos carros, os mesmos rostos, a mesma expressão carregada do céu, num olhar sem véu sobre os comuns mortais.
Um jogo intuitivo num gesto repetitivo, numa sentença desenhada nessas entrelinhas entrelaçadas, desse destino que se alicerça, sem tempo para reescrever o tempo que num ansiado momento, passa de presente a passado, ansiando um futuro que sempre se repete.
Será este um sonho, pouco risonho, que se atreve a amarrar as angústias e amarguras numa tela pincelada de um desmedido e solitário destino?
Ou será apenas um jogo, inventado por Deuses, entretidos em escrever cada sorriso impreciso de cada alma terrena?
Atravesso a estrada, sempre a mesma estrada...
Todos os dias, como se fosse o primeiro.
Filipe Vaz Correia