03.08.19
Nem sempre o sol desperta, nem sempre o dia se enraivece, nem sempre a luz reaparece, por entre a dor deserta, nessa busca inquieta pelo que dita a desesperante alma.
Por vezes grita baixinho essa contradição insanável, por vezes chora de mansinho por entre o coração inconsolável, por vezes num pranto, outras vezes num silêncio e tantas, tantas vezes, por entre a espuma de um sonho.
Sempre que recomeça o dia, sempre que se desperta a alma, procuro no olhar, vagabundo, de quem comigo se cruza, aquele brilho, intenso brilho, que há muito me escapou.
E talvez um dia, numa ousada poesia, num desgarrado poema, se quebre o dilema, desse misterioso viver.
Por entre solitárias letras, entrelaçadas palavras ou simplesmente nesse infinito silêncio, porém, sempre tão infinito como a esperança.
A desesperançada esperança!
Filipe Vaz Correia