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Caneca de Letras

24.04.17

 

Aí está o confronto que todos esperávamos, ou até temíamos...

Macron versus Le Pen, ou a tolerância versus a intolerância.

A primeira volta das eleições terminou, ditando esta disputa para a Presidência da Republica Francesa, num claro clima de fractura social e extremismo de opiniões.

Agora que a verdadeira confrontação terá lugar, espero que a diferença latente entre estes candidatos possa resgatar a aversão histórica com que os Franceses, na sua maioria, sempre brindaram, nos mais diversos momentos, a ideologia da Frente Nacional...

Para isso a pronta declaração de Fillon ou do candidato socialista Hamon, humilhadissimo nestas eleições, é sem margem para dúvidas um grande passo, neste estreito caminho.

Acredito que a sociedade Francesa se unirá em torno de Emmanuel Macron, nesta segunda volta das eleições, para que se possa constatar, aos olhos de todos, o destino que os Franceses desejam prosseguir.

Emmanuel Macron tem sabido posicionar-se, sendo abrangente, construindo pontes entre os muitos que se viram abandonados pelos partidos tradicionais...

Partidos estes que foram os grandes derrotados desta noite eleitoral, desaparecendo assim, da disputa que nos guiará ao novo inquilino do Palácio do Eliseu.

O fim destes partidos, Republicano e Socialista, assim como a diminuição da sua influência na sociedade Francesa, poderá estar a chegar, e esse desaparecimento poderá mesmo ditar um novo desafio ao sistema político Francês...

Agora o que urge descobrir é como se comportarão os cidadãos Franceses, nesta segunda volta e qual o caminho que escolherão seguir, para descobrirmos também, qual o futuro de toda a Europa.

E por isso, ansiosamente espero que Macron possa ser o grande vencedor da segunda volta destas eleições, afastando assim a possibilidade de uma França esquartejada dos seus habituais valores e princípios, o que não honraria certamente,  a sua tradição republicana.

 

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

 

21.04.17

 

As eleições Francesas estão a chegar, misturadas com este estigma do terrorismo tão em voga por essa Europa a dentro...

Por esse medo cada vez mais acirrado, de em cada esquina se encontrar um tresloucado terrorista, de arma na mão, de bomba transformada em camião ou a insana vontade de matar indiscriminadamente.

O perigo que daqui decorre, é precisamente o desespero na hora de votar, com o receio a comandar a escolha eleitoral, baseada nesse intenso sentimento de insegurança...

É aqui que se encontra, a França da actualidade.

É com este pesadelo que os eleitores Franceses terão de lidar, neste momento em que se lhes pede, que tenham o discernimento para conviver com este Terrorismo em versão franchising, que todos os dias parece ameaçar as culturas ocidentais e as suas democracias.

O terrorismo deixou de ser executado tradicionalmente como estávamos habituados até aqui, deixou de responder aos moldes que anteriormente conhecêramos...

Actualmente, qualquer jovem, seduzido pelas redes sociais, se investe nesse direito de executar os pensamentos torpes de um qualquer Daesh, de um qualquer Mullah, que escondido em qualquer parte deste mundo, através da Internet dissemina o seu ódio, como vontade de Deus, desígnio divino.

Os terroristas que emergem, esfaqueiam, matam, atropelam, ferem cidadãos inocentes, mulheres, homens, crianças, não viajam da Arábia Saudita, do Irão, da Síria, nasceram intra-muros, dentro deste continente impregnado de história, chamado Europa...

São seus filhos, sem o desejarem, são os seus bastardos, sem o esconderem.

Este dilema configura a grande incógnita de como poderemos lidar com tamanho problema, evitando ao mesmo tempo que os populistas de plantão possam cavalgar sobre a imensidão do receio, que daqui advém para todos aqueles que sendo Europeus temem a ameaça, que cada vez mais se aparenta premente.

Estas eleições Francesas, irão directa ou indirectamente, dar a resposta sobre qual o caminho que poderemos tomar nesta encruzilhada em que nos encontramos...

E assim, ansiosamente, aguardarei por domingo para tentar compreender se ainda conseguiremos, com discernimento, responder ao medo com coragem.

A coragem de nos mantermos tolerantes.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

15.04.17

 

As eleições Francesas aproximam-se e fica mais claro do que nunca, depois da campanha eleitoral, que estas eleições são essencialmente, um referendo à Europa, ou seja, ao sistema que suporta a União Europeia.

Dos Candidatos principais que se apresentam à primeira volta das eleições, apenas um é europeísta e defende os valores subjacentes a esse mesmo pensamento...

Vejamos, François Fillon, cercado por um escândalo sem precedentes, sentiu a necessidade de radicalizar ainda mais o seu discurso, dando maior ênfase ao seu lado céptico em relação à U.E., afastando se do lado mais tradicionalista e conservador Francês, que sempre apoiou o caminho Europeu, como única alternativa.

Marine Le Pen, demagoga e populista, extremista por convicção, vai mais longe nos seus ideais, deixando mesmo claro, que a destruição do habitual sistema Europeu é um dos seus objectivos, tentando resgatar num mundo global, a autonomia da república, solitária e senhora dos seus destinos.

Mélenchon, um homem de extrema esquerda, que busca nestas eleições a legitimação da sua visão para uma França, que com ele, também se afastaria de uma construção europeia, fazendo crer que esta traz consigo mais defeitos, do que as virtudes necessárias à construção dessa sociedade igualitária de que tanto fala.

Sobra Macron, um centrista, o único que sem vergonha se amarra aos valores da U.E., como seus, assinalando a importância dos mesmos e fazendo crer que será por esta via que a França encontrará as soluções para os seus adiados problemas.

É Emmanuel Macron, na verdade o único que verdadeiramente se comporta, como herdeiro de Mitterrand, Chirác ou Delors, independentemente, das suas famílias políticas de origem. 

É neste ponto que se encontram os Franceses e as suas escolhas, divididos por tamanhos desafios e duvidas, que provavelmente só se desvanecerão na segunda volta destas eleições.

Europa ou um desconhecido caminho, esta será a questão com que todos os eleitores se terão de confrontar e que certamente fará estremecer as fundações dessa vagarosa União Europeia, que duvido consiga resistir a um novo Brexit, disfarçado de eleições.

 

 

 

Filipe Vaz Correia

 

  

16.02.17

 

A verdade sobre as eleições americanas está cada vez mais evidente, aos olhos daqueles que incrédulos ouviam os rumores, sobre uma ingerência Russa concertada com a campanha do candidato Trump.

Seria possível que o Kremlin tivesse em marcha um plano, para interferir nas escolhas, destas sociedades ocidentais, com o intuito de as tornar instáveis e ingovernáveis?

Não me restam, muitas dúvidas...

Parece que sim!

O que se tem vindo a descobrir, através dos serviços secretos norte-americanos, mostra o quão vulnerável está o mundo, perante os hackers Russos (Escola KGB) que escondidos sob o anonimato das redes sociais vão lançando boatos e factos alternativos, atingindo os alvos especificos que não estejam alinhados com os seus interesses...

Todo um novo cenário se levanta, nestas democracias ocidentais, desgastadas com a crise económica e os escandâlos sucessivos de fraudes e corrupções.

A demissão de Michael Flynn, demonstra aos olhos da opinião pública as enviesadas ligações existentes entre o Staff de Trump e a Rússia, adivinhando-se outros nomes nessa balança controlada a partir de Moscovo.

Se em França os rumores, que começam a circular, visando Emmanuel Macron, tiverem como se desconfia, as mesmas fontes, poderemos estar perante a réplica do que aconteceu nos Estados Unidos, o que representaria uma espécie de queda do Muro de Berlim, mas que desta vez, destruiria muito provavelmente a União Europeia.

É o momento de se combater esta influência, que urge denunciar, e que só se poderá combater com a denúncia permanente, elucidando os cidadãos para este novo tempo que enfrentamos.

Putin não agirá sozinho, conta com a fraqueza das instituições europeias, assim como, contou com esse mesmo enfraquecimento do outro lado do Atlântico, mas acima de tudo conta com a ignorância, a revolta e o medo de certos quadrantes, destas mesmas sociedades.

Assim, torna-se cada vez mais importante, a descoberta destas matrioskas americanas e o seu envolvimento em todo este processo, que levou Donald Trump até à Casa Branca  e que acredito depois de Michael Flynn, outras pequenas matrioskas serão descobertas.

Porque se ficarmos aprisionados neste limbo sensacionalista, nunca mais conseguiremos resgatar a governação, do populismo desmedido que vencerá sempre no terreno da manipulação e demagogia, pois estas são precisamente, o alimento da sua subsistência...

Que venham então, as pequenas matrioskas escondidas, no seio da administração Trump e que com elas se possa saber, mais em concreto, quais os desejos do Czar, Vladimir Putin.

 

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

02.02.17

 

As eleições Francesas de 23 de Abril são um dos momentos mais importantes para a velha europa, sendo sem dúvida uma escolha entre a Trumpização europeia ou o resgatar dos seus valores fundamentais...

Nesse prisma sempre acreditei que François Fillon teria um papel indispensável neste caminho, sendo para mim até hoje, o único capaz de derrotar Marine Le Pen.

O partido socialista francês está encurralado entre o vazio de valores, de figuras carismáticas e o legado absolutamente inócuo de François Hollande, o que lhes tornará muito difícil, uma vitória eleitoral.

Pensando desta maneira, parecia-me bastante importante que o partido repúblicano francês pudesse preparar estas eleições de maneira transparente, focada, intensa, sempre com as ideias assentes nas pessoas e nos seus problemas.

Ora bem, uma das questões que mais tem afastado as populações dos partidos políticos tradicionais e da política em geral, é a credibilidade, constantemente afectada por escândalos sucessivos, em muitos países, deixando no ar uma desconfiança que é aproveitada por demagogos egocêntricos que não demoram a aparecer na cena mediática, reivindicando soluções miríficas para os problemas existentes.

O que aconteceu a François Fillon na segunda feira é uma desgraça para quem como eu, acreditava tanto, no seu percurso rumo a uma vitória eleitoral mas é também um alerta para toda a direita conservadora francesa, sobre quais os perigos que neste momento sobrevoam esta candidatura.

Fillon responde que tanto ele como a mulher estão inocentes e até poderão estar, que só responderá perante a justiça e até posso concordar, que tudo isto foi inventado por uma esquerda radical e até poderá ter razão...

Poderá.

Aqui o problema está na perspectiva, com que os cidadãos olham para estes escândalos nos dias de hoje, para as manchetes sensacionalistas nos mais variados pasquins e que levarão um caso como este até ao limite, desgastando interminavelmente a imagem de um candidato que sempre foi considerado, impoluto, respeitável...

Infelizmente para o partido repúblicano, restam-lhe duas hipóteses, ou acredita que Fillon superará este folhetim em condições de se manter na corrida pelo Eliseu, em Paris, ou resgatará Emmanuel Macron para delimitar as repercussões de tamanha suspeição, que se abateu sobre a sua campanha e num novo momentum ganhar balanço para a batalha que se travará nestas eleições.

Tenho pena por François Fillon, acreditava na sua vitória mas por mais difícil que seja escolher Emmanuel Macron, o partido repúblicano francês terá de aprender com aquilo que aconteceu ao partido democrata americano...

Uma candidata com telhados de vidro deu a vitória, mesmo que não no voto popular, a Donald Trump, e por isso será importante que um candidato com os mesmos problemas de credibilidade, no partido repúblicano francês, não dê a vitória a Marine Le Pen.

Não ignorem ou menosprezem o julgamento popular, feito em muitos casos de desespero e até ignorância, mas que num impulso poderá votar naqueles que representarão mais facilmente uma mudança contra o que acreditam ser o sistema...

Mais do que nunca é necessário que quem concorra, principalmente no caso de ser um conservador, tenha uma credibilidade a toda a prova.

Assim temendo uma surpresa desagradável nestas eleições, que digo novamente, destruirá a União Europeia, espero que o próprio François Fillon entenda que chegou a altura de demonstrar o que sempre esperei dele:

Um homem honrado que abdicará do seu sonho, para que todos nós possamos depois de abril, continuar a sonhar.

 

Filipe Vaz Correia

14.11.16

 

Apagaram-se as luzes, as tuas;

Calaram-se as vozes, as nossas,

Corre nessas tristes ruas,

Sangue por essas poças...

 

Iluminou-se a escuridão,

Com tristeza, solidão,

Cheia de gritos e dor,

Numa ferida, num ardor...

 

Mágoa, estupefação;

Essa chama tão intensa,

Num Bataclã em explosão,

Numa batalha imensa...

 

Tiraram-te o romantismo;

Paris, quiseram ver-te chorar,

Empurraram-te para um abismo,

Numa queda sem parar...

 

Azul, branco, encarnado;

Cores que se levantaram,

Nesses tiros disparados,

Contra essas vidas que passaram...

 

Minha Paris;

Minha e do mundo,

Perdida num grito eterno,

Nesse horror profundo...

 

Nada calará Paris;

Nada vencerá Paris,

Pois Paris, somos todos nós!

 

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