Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Caneca de Letras

09.09.21

 

 

 

E1845A7D-321D-4F40-A340-09121957752B.jpeg

 

 

 

Corro e corro sem parar;

como se o fôlego não tivesse fim

e continuo a caminhar

a caminhar em busca de mim.

 

Corro como se estivesse numa maratona;

numa estrada infinita

por entre miragens e delírios

rosas e lírios.

 

Corro sem esperança;

há muito perdida nos versos de Caetano ou Cazuza,

ao mesmo tempo que o meu coração balança

balançando por entre os versos de uma abstracta poesia.

 

Corro...

sem fim à vista.

 

 

08.09.21

 

 

 

503B1AB4-8E91-421C-B985-4E47335C4859.jpegTenho nódoas na alma;

caminhando sobre brasas

buscando nas entrelinhas desse teu cheiro

a razão para tamanho encantamento.

 

O adeus;

traduzida despedida de Zeus

plasmada nas escrituras dos fariseus

nas partituras de Deus

repetidos pecados meus...

 

E insisto em viajar mundo a fora;

por entre, o céu estrelado e aventureiro

amarrando os desmedidos sorrisos de agora

a esse futuro derradeiro.

 

Vamos partir;

todos iremos partir

então que seja a sorrir

ousando sentir

as memórias e agruras desse passado.

 

Deixo cair a pena;

estendo a mão àqueles que ficticiamente se abeiram de mim

enquanto sossego o desespero saltitante

e levemente me transformo em mar e terra,

em vento e céu...

 

Em tudo e nada.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

07.09.21

 

 

 

D621759C-5DF4-4752-A41F-118ED3F5E62D.jpeg

 

 

 

Guardo em mim as tamanhas cicatrizes do meu passado;

as cartas que ousei não escrever

as palavras que desejei não pronunciar

as vezes que preferi me silenciar...

 

Guardo em mim;

as escrituras caladas de tamanhos segredos

solitárias caminhadas em noites sem fim

por entre imaginação e enredos...

 

Guardo em mim;

gente e memórias

retratos falados

em velhas histórias...

 

Guardo em mim;

as lágrimas e hesitações

de tantas citações

que temi recitar...

 

Guardo em mim;

o tanto que enfim

declamado se perpetuará

no que de tudo sobrar...

 

Pois de mim;

de nós...

 

Sobrará apenas;

aquele velho quadro

em cima da lareira

exclamando singelamente o derradeiro beijo

de dois amantes.

 

 

 

 

06.09.21

 

 

 

A6EAFFE8-EEF4-4432-9AD2-9B515346F552.jpeg

 

 

As vozes que ecoam em mim;

que gritam desalmadamente

desalmadamente ecoando

nessa imensidão que me sufoca.

 

Olhei para ti várias vezes;

tantas vezes que me parecem infinitas

esperando esse aceno esquecido

infinitamente perdido.

 

Sei que sabes o que sei;

que sabemos o que ninguém sabe

que apagado foi das escrituras

como música silenciada em partituras.

 

Escrevo em forma de desabafo;

choro em forma de libertação

um pedaço de desagravo

nesse meu turbilhão.

 

E se repetem os versos;

se renovam os inevitáveis rostos

se multiplicam os parágrafos

pontuando os mesmos desgostos.

 

Morre o texto;

silencia-se o argumento

ausente sobra a questão

eternamente apagada na minha triste sina.

 

 

03.09.21

 

 

 

3F8A07A8-AB76-444D-BE43-A70D36E130F4.jpeg

 

 

 

Ainda custa soletrar cada pedaço de nada

soluçar esse pedaço de arca moida

esperando a minha mãe do outro lado da porta do quarto

nesse entretanto que hoje me parece distante.

 

Queria mais...

tanto mais que o não consigo expressar nestes versos

nesse vazio imenso que me sobra

na inconstante versão de nós mesmos.

 

Queria voar e gritar,

ser maior do que as asas,

e em cada pedaço de mim libertar

os medos que me agrilhoavam.

 

Queria olhar para aquele menino e o abraçar

explicar que medos e segredos rimam

mesmo que pareçam maiores do que a vida

do que a realidade construída em seu presente.

 

Já sei soletrar e escrever,

mas anseio por esse chamamento do outro lado da porta,

do fim de brincadeira que se extinguia na presença de um adulto

desse crescimento que faria de mim  um homem.

 

O tempo passou;

o mundo mudou

parte do meu sorriso findou,

e os medos permaneceram...

 

Mas já não te tenho Mãe!

 

Frias se tornaram as ruas,

tristes se tornaram as poesias,

sombrios ficaram os versos,

no final de cada dia.

 

E eu...

continuo a caminhar.

 

 

10.06.21

 

 

E6B14199-0CA7-4D28-AC4A-702C73AC4A0E.jpeg

 

 

 

Subi montanhas, inimagináveis montanhas, presas aos sonhos inacabados de outrora, aos arrependimentos de agora, às promessas caídas, hesitantes e feridas, a tantos desvelos, em incertos novelos, transbordando de querer...

Subi montanhas, essas tamanhas, onde se escondem tacanhas, as amarguras de uma vida.

Montanhas...

Montanhas agrestes, epidemias e pestes, marcando as vestes de um singelo abandonado.

Já não sobram as marcas, das arranhadelas tortuosas, lágrimas salgadas, palavras sinuosas, de enganos e reparos, esquecidos ao vento, pesado arrependimento, que jamais se repara.

O tempo passa, as escolhas precisas, as mágoas se escapam, por entre, armadilhas vazias, nessa imensidão de esperança que cede lugar ao entediante percurso marcado no trilho de Deus.

Olho para trás...

Bem ao longe...

Buscando as silhuetas de mim, dos meus, dos outros...

Olho para trás...

Para a frente...

Nessa presença, presente, que insiste em se fazer sentir.

Subi montanhas...

Subo montanhas...

Esperando no cimo de todas elas, encontrar esse almejado paraíso que tantas vezes sonhei e encontradamente desencontrar as incertas certezas que temerosamente, por vezes, me invadem.

Subi montanhas...

Para te reencontrar.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

 

19.05.21

 

 

 

8970D000-B2BA-4E28-9AD2-CB2E963B9757.jpeg

 

 

O último jogo de uma temporada, o adeus a uma época  épica, um rugido no reino do leão.

Que aprendamos com esta época, com este caminho palmilhado por um Sporting repleto de feridas, saído de um reinado de boçalidade, às mãos de um populista rumo traçado por um tal de Bruno.

Este é o novo caminho, o certo, aquele que nos guiará sempre para mais perto da vitória, não quer dizer que vençamos sempre mas sim que estaremos lá, mais perto, mais próximo desse futuro risonho que tanto desejamos.

Rúben Amorim é o líder de um destino, o nosso, o mais genial dos geniais, aquele que nos representa como ninguém e esse pequeno pedaço de privilégio se deve a quem o escolheu...

O Presidente Frederico Varandas e Hugo Viana.

O Sporting, qual Ruanda, habituado a batalhas internas, a divisões históricas, deverá aprender com a sua história, sabendo diferenciar aqueles que desejam o melhor para o clube daqueles que desejam reinar nas fracturas desse mesmo clube.

É tempo de agradecer este rumo, de dar vivas àqueles que o construíram e sem receios abraçar o risonho destino que nos é prometido.

O meu Sporting caminha seguro como nunca, promete sonhar como sempre e conquistar em nome de todos nós como jamais almejámos.

Saibamos afastar os arruaceiros do costume, os fantasmas do passado e acreditar neste traço que compõe o compasso que nos levou aos títulos deste presente.

Obrigado Presidente, obrigado Hugo, obrigado Mister.

Viva o Sporting Clube de Portugal

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

 

18.05.21

 

 

 

87A9F1F0-C2E7-4CA1-BF19-3CBE7C09CB86.jpeg

 

 

Existem dias que parecem pontiagudos, setas apontadas ao coração, facas de gume afiado, demasiadamente cortante para a pequena compreensão Humana.

Assisti à entrevista que Tony Carreira deu ao Manuel Luís Goucha, após o Jornal da Noite da TVI, um momento de absoluta tristeza, arrepiante em cada palavra, em cada pedaço da inimaginável dimensão daquela dor.

Não consegui não assistir, empurrado por uma sensação de comunhão, de partilha com aquele homem que se apresentava perante todos para levar a cabo algo maior...

A Associação que terá o nome da sua filha, ou seja, o que restou de significado para a sua vida.

Não consigo imaginar a dor deste homem, o alcance do vazio que dentro dele deve habitar, mas consigo sentir uma tremenda compaixão e empatia para com ele, para com as suas lágrimas, para com o seu esvaziado olhar.

Ao assistir à sua entrevista, magistralmente guiada por Manuel Luís Goucha, não pude deixar de me recordar de Lucinha Araújo, mãe de Cazuza, que encontrou na Fundação Viva Cazuza, de apoio a crianças Seropositivas, uma razão para viver...

"Encontro em cada uma daquelas crianças um pouco do meu filho, em cada olhar, em cada abraço"

Lucinha Araújo 

Diariamente, por todo o mundo, milhares de pessoas lidam com a perda, mas certamente nada se deverá comparar com a perda de um Pai ou uma Mãe, com a partida de um filho.

Um abraço Tony Carreira, desta Caneca sem letras, para expressar a dimensão da sua dor.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

 

 

 

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2023
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2022
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2021
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2020
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2019
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2018
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2017
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2016
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
Em destaque no SAPO Blogs
pub