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Caneca de Letras

21.10.21

 

 

 

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25 anos!

Assim de forma crua se desnuda essa verdade que esmaga e corrói, acelera o tempo e compassa a saudade.

Faz hoje 25 anos que morreu uma das pessoas que mais amei em minha vida, um amigo de mão cheia, alguém que marcaria em dez anos cada pedaço de minha alma.

O Luís era corajoso e desbravado, o mais corajoso de todos nós...

Não pelo singelo murro numa briga ou pela força que o poderia caracterizar, nesse aspecto tanto o Nuno Pereira Campos ou eu éramos mais adequados para a função mas pelo que a vida nos obrigou a ver, nesse significado de  coragem através de uma realidade que aquele menino de 16 anos teve de confrontar.

Guardo a primeira conversa que tivemos sobre esse maldito cancro que te perseguia...

Guardo o teu olhar, o meu tremor, o nosso abraço, esse pequeno instante que se tornou eterno.

Guardo a minha espera à porta do Curry Cabral para ganhar coragem para entrar naquele famigerado quarto onde lutavas tão bravamente...

E era eu que precisava de coragem?

Guardo cada silêncio que nos chegava, era o nosso mundo, cada vez que após uma sessão de quimioterapia te punhas a caminho, na tua BWS, para vir almoçar comigo ao Dom Pasolini em Picoas.

"Meu querido amigo!"

Guardo o olhar de minha Mãe no dia em que partiste, assim como as lágrimas de meu Pai.

Guardo a última vez que estivemos juntos...

Sendo que imaginar a tua morte seria para mim impossível, no intimo sabia aquilo que lutava para desvalorizar, acreditando que a maldita doença jamais te iria vencer.

Sempre a teu lado nesse campo de batalha acreditando que a nossa esperança seria a única verdade possível.

Perdemos.

Tenho saudades tuas, mesmo 25 anos depois, tenho saudades do tempo em que era possível pegar no telefone e ligar, ouvir a tua voz e desabafar, acreditar e sonhar num futuro carregado de ilusão.

Meu querido Luís Miguel sou hoje um homem com mais dúvidas do que certezas, com mais receios do que bravuras, com mais saudades e poemas, porém nesse viajar que se tornou esta vida, este continuar de dias e noites, tenho como certo que o nosso encontro, naquela sala de aula, pequenos e traquinas, se tornou num dos mais importantes momentos de minha vida.

Sem ti não tinha feito nenhum sentido.

Até um dia, numa outra vida, daqui a muitos anos...

Com amizade; do sempre teu,

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

 

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